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Enough!

 

In these difficult times, let us not draw away from our poetics in an attempt to redress the ominous possibilities of future U.S. government policies or the onerous effects of current government policies. As poets, we need to pursue our own forms of ethical and aesthetic response rather than engage in the sort of pronouncement by fiat and moral presumption of President Bush and his partisans.

In his “State of the Union” message on January 28, 2002, Mr. Bush said, “America’s purpose is more than to follow a process; it is to achieve a result.” This statement alone provides sufficient evidence to oppose his policies. What our America stands on, its foundation, is a commitment to process over results, to finding by doing, to thinking by responding. Solutions made outside of an open-ended process compound whatever problems we face.

If this statement does not seem forceful enough, if it appears too uncertain or insufficiently categorically, so be it. If we are to talk of “poets” against the war, then what is it in our poems — as opposed to our positions as citizens — that does the opposing? Perhaps it might be an approach to politics, as much as to poetry, that doesn’t feel compelled to repress ambiguity or complexity nor to substitute the righteous monologue for a skeptic’s dialogue.

At these trying time we keep being hectored toward moral discourse, toward turning our work into digestible messages. This too is a casualty of the war machine, the undermining of the value of the projects of art, of the aesthetic.

Art is never secondary to moral discourse but its teacher.

Art, unregulated by a predetermined message, is all the more urgent in a time of crisis. Indeed, it is a necessary response to crisis, exploring the deeper roots of our alienation and offering alternative ways not only to think, but also to imagine and indeed to resist.

A decade ago, just after the previous Persian War, Leslie Scalapino, the convener of today’s session, sent Dead Souls, a series of searing indictments of that war, to a number of newspapers, who declined to publish, as editorial matter, a kind of writing they found inaccessible. But the task for poetry is not to translate itself into the language of social and linguistic norms but to question those norms and, indeed, to explore the ways they are used to discipline and contain dissent.

Poetry offers not a moral compass but an aesthetic probe. And it can provide a radical alternative to the outcome-driven thinking that has made the Official Morality of the State a mockery of ethical thinking and of international democratic values.

We all saw the effect of  outcome-driven thinking  in Florida during the Fall of 2000, when the Republican National Committee launched a unilateral, anti-democratic campaign, capturing the state power of the executive branch from the winner of the popular vote for President. To achieve their goal, Mr. Bush and his partisans had to turn against their own espoused belief in states’ rights. In the course of their righteous zeal to win at any cost, the Bush faction turned against the will both of the Supreme Court and the electorate of the State of Florida. The prestige and integrity of the United State Supreme Court was collateral damage to Mr. Bush’s determined insistence that ends justify means. The Supreme Court, which we once thought of as a guarantor of liberty, was exposed as a tool of the ultra-right wing agenda of the Republican National Committee. This past week, we have seen this same Supreme Court rule that 50 years of incarceration is not cruel and unusual punishment for a string of three petty crimes. Once again, we see the contempt the Chief Justice, Mr. Rehnquist, and his Star Chamber cohorts, Justices Scalia and Thomas, have for the shared meaning of our common language, shared meanings that are the foundation for the system of laws to which we have given consent through the Bill of Rights to the Constitution.

“Unilateralism” is not just the course the Executive Branch is pursuing, with disastrous consequence, in foreign policy, but also the policy it pursues domestically, in its assault on our liberties, on the poor, and indeed on our aspirations for a democratic society.

So I come here this afternoon, to the Bowery Poetry Club, to say, with all of you, ENOUGH!

Presented at the Enough reading and launch at the Bowery Poetry Club on March 9, 2003: Enough, an anthology of poetry and writings against the war, ed. Rick London and Leslie Scalapino (Oakland: O Books, 2003)

 

 

 

Basta!

Nestes difíceis tempos, não nos afastemos de nossa poética numa tentativa de mudar a direção das nefastas possibilidades das futuras políticas do governo dos Estados Unidos ou o efeito oneroso das atuais políticas do governo. Como poetas, temos que procurar nossas próprias formas de resposta ética e estética em lugar de ficar vinculados a um tipo de oratória do “fiat” e na arrogância moral do Presidente Bush e de seus partidários.

Em seu discurso à nação (“State of the Union”) no dia 28 de janeiro, 2002, o Sr.  Bush disse, “O objetivo da América é mais do que seguir um processo; é alcançar um resultado.” Esta afirmação em si já fornece evidência suficiente para nos opormos à suas políticas. O alicerce da América é um compromisso com os processos por cima dos resultados, com a procura por meio da ação, com o pensamento através da resposta. As soluções impostas fora de um processo aberto multiplicam os problemas que já enfrentamos.

Se esta afirmação não tiver a força suficiente, se parecer ambígua demais ou insuficientemente categórica, que assim seja. Se vamos falar em “poetas” contra a guerra, então, o que é que há em nossos poemas que constitui tal oposição? Talvez seja uma aproximação à política, tanto quanto à poesia, que não se sente obrigada a reprimir a ambigüidade ou a complexidade nem a substituir o monólogo moralista pelo diálogo de um cético.

Nestes tempos complicados, temos nos visto intimidados pelo discurso moral, forçados a converter nosso trabalho em mensagens digeríveis. Isso é também mais uma vítima da máquina de guerra, a diminuição do valor dos projetos artísticos e estéticos.

A arte nunca é secundária ao discurso moral e sim sua preceptora.

A arte, não regulada por uma mensagem predeterminada, é ainda mais urgente num tempo de crise. De fato, é uma resposta necessária à crise, que explore as raízes mais profundas de nossa alienação e que ofereça maneiras alternativas não apenas de pensar, mas também de imaginar e de resistir.

Uma década atrás, logo após da primeira Guerra no Golfo Pérsico, Leslie Scalapino, nesta  mesma sessão, enviou Almas Mortas (Dead Souls), uma série de acusações violentas àquela guerra, a um número de jornais que se recusaram a publicar, em forma de editoriais, um tipo de escrita que achavam inacessível. Mas a tarefa da poesia não é a de se traduzir para uma linguagem que segue as normas sociais e lingüísticas e sim questionar as normas e, de fato, explorar as maneiras em que são usadas para disciplinar e conter a oposição.

A poesia oferece não uma bússola moral e sim uma sonda estética. E pode nos fornecer uma alternativa radical ao pensamento ditado por resultados que converteram a Moralidade Oficial do Estado numa farsa do pensamento moral e dos valores democráticos internacionais.

Todos assistimos ao efeito de tal pensamento por resultados na Flórida, no outono do ano 2000, quando o Comitê Nacional Republicano lançou uma campanha unilateral e antidemocrática para impedir que poder estatal entregasse o poder executivo ao ganhador  do voto popular a Presidência (Al Gore). Para conseguir esse objetivo, o Sr.  Bush e seus partidários tiveram que se opor à sua suposta crença  nos direitos dos estados. No seu  “empenho justiceiro” de ganhar custe o que custar, a facção de Bush se impôs tanto à Suprema Corte de Justiça como à vontade do eleitorado da Flórida. A queda de prestígio e a mácula à integridade da Suprema Corte dos Estados Unidos foi o dano colateral da insistência de Bush com o ditado “o fim justifica os meios”. A Suprema Corte, que algumas vezes consideramos a defensora da liberdade, ficou exposta como um instrumento dos interesses de ultra-direita Republicana. A semana que passou, assistimos à mesma Suprema Corte decretar que uma sentença de 50 anos de prisão para uma série de pequenos crimes não constitui um castigo cruel e desumano. Novamente, vemos o desprezo que o Juiz Presidente do Supremo Tribunal, o Sr. Rehnquist, e seus sequazes, os Juízes Scalia e Thomas.

“Unilateralidade” não é apenas o caminho que o Poder Executivo está seguindo, com conseqüências desastrosas, em política exterior, mas também na política interna, em seu ataque ao nossos direitos, aos pobres, e, de fato, a nossas aspirações de uma sociedade democrática.

Por tanto, vim aqui, esta tarde, ao Clube de Poesia Bowery, para dizer, com todos vocês, BASTA!

Apresentado na leitura feita no Bowery Poetry Club no dia 9 de março de 2003 para lançamento de Enough, an anthology of poetry and writings against the war, ed. Rick London e Leslie Scalapino (Oakland: O Books, 2003)


 Sobre Charles Bernstein

Poeta e professor, nascido em 1950 em Nova Iorque, onde vive, é uma das principais forças das letras norte-americanas. Autor de vários livros de poesia e de crítica literária, é o co-fundador e co-editor de PennSound, o maior arquivo de leituras de poetas do mundo todo e do pioneiro Electronic Poetry Center. No Brasil, publicou o livro Histórias da guerra em 2008. Para ele, “a poesia é alguma coisa em longo prazo”. Nome de alcance mundial, ele afirma que o melhor suporte para sua poesia é o diálogo: “Tenho tido a sorte, desde quase o primeiro momento, de contar com bons companheiros”.

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