“O cinema falado / É o grande culpado da transformação / Dessa gente que sente que um barracão /Prende mais que um xadrez. / Lá no morro, se eu fizer uma falseta, a Risoleta / Desiste logo do francês e do inglês, A gíria que o nosso morro criou / bem cedo a cidade aceitou e usou. / Mais tarde o malandro deixou de sambar / Dando pinote / E só querendo dançar o foxtrot! Essa gente hoje em dia / Quem tem a mania da exibição / Não se lembra que o samba não tem tradução no idioma francês. / Tudo aquilo que o malandro pronuncia, / Com voz macia, / É brasileiro, já passou de português. Amor, lá no morro, é amor pra chuchu, / As rimas do samba não são “I love you”. / e esse negócio de “alô”, “alô, boy”, / “Alô, Johnny” / Só pode ser conversa de telefone.’’
“Não tem tradução”. Música de Noel Rosa de 1933.