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Henri Cartier-Bresson: o século moderno

Henri Cartier-Bresson – chamado de L’Oeil du Siècle (O Olho do Século) – encantou e iluminou o mundo com suas fotografias, captando em cada instantâneo o vigor e a riqueza, às vezes estranha e perturbadora, da vida. É exatamente o que a obra lançada pela Editora Cosac Naify – Henri Cartier-Bresson: o século moderno –, em parceria com o Museu de Arte Moderna de Nova York – MOMA, nos apresenta ao longo de suas quase quatrocentas páginas. E mais: o livro é uma prova de que o estudo sobre o legado de Cartier-Bresson apenas começou.

Escrito por Peter Galassi, que teve acesso aos arquivos reunidos na Fundação Cartier-Bresson pela viúva do fotógrafo, Martine Franck, o livro pulsa com a mesma vitalidade desse homem que, com sua Leika, começou a fotografar aos 22 anos e não parou por quase meio século. O volume nos permite ter acesso não apenas às imagens do fotógrafo, mas também conhecer outras faces de sua trajetória, pois ele foi cineasta, ator, editor, diretor de documentários, pintor e desenhista.

Galassi defende a tese de que Cartier-Bresson ajudou a definir o modernismo na fotografia – e o volume traz um quadro detalhado de como ele trabalhava: das especificações técnicas de câmeras e filmes à logística das viagens com seus colaboradores e os preciosos mapas desenhados por Adrian Kitzinger, que minuciosamente traçou todos os deslocamentos de Cartier-Bresson entre 1930 e 1960.

Para Cartier-Bresson, ser fotógrafo significava “envolver-se com a totalidade do mundo”. E ao focar a sociedade, a cultura, a civilização, ele mostrou possuir um espírito independente e empreendedor, o que foi determinante para desenvolver sua fotografia centrada numa inteligência rápida e intuitiva, associada à sua vasta e sofisticada cultura. Como afirma Peter Galassi, “o trabalho de Cartier-Bresson é extraordinário não necessariamente por sua amplitude geográfica e cultural, mas também por seu alcance histórico ao largo das vastas transformações do século moderno”.

Esse magnífico fotógrafo também dizia que “só há uma coisinha na fotografia, um aspecto bem pequeno, que me cativa o espírito: a observação da realidade”. Será possível que a receita seja tão simples, tão clara? Mas tudo não se resume, mesmo, em saber olhar? Não é da qualidade de nossa observação e, portanto, do refinamento de nossos sentidos que dependem o caráter e as peculiaridades da nossa existência? A afirmação de Cartier-Bresson faz eco à do romancista Henry James, para quem “a província da arte é toda vida, toda sentimento, toda observação, toda visão”. Ou seja, “toda experiência”.

Henri Cartier-Bresson: o século moderno
Peter Galassi
Editora Cosac Naify – MoMa