Teus poemas
se teus poemas
posam
para foto
ou buscam
elogio
o ulular da turba
o prêmio
em dinheiro
ri
e depois
morre
ninguém
virá
pedir
um autógrafo.
Aorta
I
descubro
diante do bar
o bairro
dezenas
de pássaros
numa
só árvore
cantos
ao fim de tarde.
II
que importa
se ruas
sequem
absurdas
entre prédios?
irriga-se
a Musa: aorta
etérea.
Infloração
árvore magna, seca
na rua nublada
um bulbo
negro com braços
grossos
que sobem tortos
bem
diante da igreja
gótica
em Porto Alegre.
diria que ora
nua
ao céu pedindo
cura
pura e flórea
– ácida –
da lepra dos musgos
e
da praga das barbas.
Oh brutal
oh
brutal
baobá
meus
músculos nus
não
podem tombar
teu caule
nem
minha razão
cortar
tuas raízes
ávidas
só a suave
clave
da Caridade
com sua flauta
solar
e límpidas árias
de água.