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Estações do ano

Primavera

Primavera perdida num
Calor do inverno
Roxos em cascatas
Trepadeiras em flor
Sutilmente enganadas
Por ordem superior
Orquídeas atentas ao
Relógio do sol
Pintalgam os muros em
Todo o quintal
Esperanças despertas
Em tempos de Caos
Cores expressionistas
Afirmando a Luz
Colam-se à retina
Pintando acajus
babaçus baiacus bambus belzebus
E os sinos de fogo
Badalando em flor
Anunciam
Em verso
Primavera amor

Verão

O verão é interno fundo
Silêncio extenso e quente
As plantas respiram serenas
O vento dorme doce
Os pássaros ciciam sonolentos
O ar vibra claro
O Sol dentro de mim
Desassombra mistérios
Um avião minúsculo
Risca o céu
O silêncio
Deixa atrás de si
Uma via-láctea

Por sobre a Índia
As estrelinhas em baixo e
Um livro esotérico dizendo
Ilumine suas células

Outono

Uma folha seca e cobre
Bateu-me no ombro e
Sussurrou: É tempo de
Aprontar as
Tarefas em suspenso e
São ainda muitas! O
Tempo que escoa veloz
Advertiu: corre não pares o
Inverno está à porta
Rilke voltou-me à cabeça mas
Estou ligada a primaveras e
Depois o inverno me
Fascina! A
Neve branca e leve
Branca e fria
chama por mim para
Além das vidraças
Põe tudo da cor do linho
Imprime as vidas de
Quem por ela passa
Expõe e encerra
Segredos do caminho
Preciso
Realmente
Aprender a temê-los?

Inverno

Schnee, Rauhreif,
Die meine Seele erwärmen,
Meinen Mund verstummen,
Meine Angst erwecken.
Greisinnen-Bäume,
Seht mich nicht so ernst an!
Ich liebe euch.
Seid nicht so gleichgültig:
“Es gibt viel Hoffnung,
Nur nicht für uns”.


 Sobre Celeste Ribeiro de Sousa

Celeste Ribeiro de Souza é pós-doutorada em Teoria Literária e Literatura Comparada pela Universidade de São Paulo/Universidade de Colônia (2000). Tem doutorado em Letras: Língua e Literatura Alemã também pela USP/Universidade de Colônia (1988) e mestrado em Letras (Língua e Literatura Alemã) pela USP (1979).