Nova balada da neve
Os dedos carnalmente rosa.
Orelhas sanguíneas,
vermelho brasa atiçado
no frio raso da manhã.
Semáforo derramado
no branco que a noite semeou.
Frágil,
o mosquetear dos flocos
sufoca o latido dos cães,
adormece a madrugada,
silencia os corvos nos beirais.
Há a ausência e a plenitude
pela manhã.
o vento
que rasga a quietude
o nevão
que amaina os astros
o branco
que obtura árvores.
morte doce
a dos pinheiros
ensimesmados
a das serras veladas
ao fundo do horizonte
grávidas de delicadeza
alva morte
morte branca
Nos córregos,
o registo dos passos
o vestígio geométrico
cascos calçado crime
os que subiram a rua
os que a desceram
homens efémeros
teratológicos
ilógicos tolos
olhares femininos
despontam nas vidraças
a roupa traquejada
por uma epifania húmida,
sem água que corra
sem vento que escorra
só o ensopado mastigado
das toalhas
depois do banho.
Neva
onde os pássaros ocos se calam.
Estou longe.
Rebentam panchões
no nácar embaciado
dos teus olhos.
Navega feito lótus
o tancar,
teu corpo inerte
e no incêndio terno
da tua pele
despontam por milagre
flores de neve
canções de Inverno.
O silêncio, eu temo
Vontade de que chova no reverso dos meus olhos
De que parta sem dor
Como quem morre sem morte.
Telemarketing almadiano
Abaixo as empresas de telemarketing. PIM.
Abaixo as meninas que lá trabalham. PIM.
Abaixo a usura e os Relvas que se aproveitam.
Abaixo a PT e os números dissimulados. PIM
As meninas do telemarketing têm a vagina ao pé da boca.
Morram as meninas do telemarketing. Morram.
PIM.