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A CRÍTICA NUA

O método dominante na crítica contemporânea de poesia no Brasil é o da hétero-auto-crítica-em-verso. Fosse outra a época, e haveria de garantir meu lugar no panteão dos grandes do tempo com esta síntese, a uma só vez abrangente e precisa: hétero-auto-crítica-em-verso. Mas não bastasse a época, ainda estou sozinho. Não me contendo, porém, no afã de dizê-lo ao mundo, digo-o ao menos para meu cão: “Groucho, meu caro, o método dominante na crítica contemporânea de poesia no Brasil é o da hétero-auto-crítica-em-verso.” O que me leva a uma conclusão importante: meu próximo cão se chamará Mundo.

Isso dito, resta dizer tudo: o que é, afinal, o método hétero-auto-crítico-em-verso? Nada mais simples. Tão simples que pode ser (e é) adotado por qualquer um. Ele é hétero, a despeito das preferências sexuais dos envolvidos, porque não é o próprio autor dos versos o autor da crítica. Ele é auto e é em verso, porque o autor da crítica utiliza os próprios versos criticados para constituir o cerne de sua crítica. Na prática, consiste em desmembrar um poema qualquer, e cercar alguns de seus versos de afirmações sobre tais versos cuja demonstração se limita aos próprios versos.

“Ela [a palavra], por um lado, é instrumento de resgate, e não só meio de condensar o que houve – ‘erva usada por seu próprio cheiro’. Mas não é resgate senão do que ‘sobrevive/ engastado, como musgo ou/ ferrugem, sujeira irremovível’. Por outro lado, em vez de resgate, ela é mera comprovação do ‘desejo/ do outro e nada satisfeito, a eterna/ busca de uma incerta transcendência’.”[1]

“O homem não vive a realidade, mas em meio a uma realidade que o assombra – ‘acordar é um sonho’ […]. A paisagem, portanto, é um mecanismo ilusório, que se dissolve como os ventos e as vozes: ‘Vai-se abrindo um espaço, paisagem não-preenchida,/ habitada somente/ por uma duração/ para a qual acordamos/ e, na qual, às vezes, podemos existir.’”[2]

Uma variação muito popular é a paráfrase do verso recheada dele próprio:

“A palavra, ímã iluminador, guarda o dia na memória, mas, ‘coisa dita, é intransposta’. A linguagem procura guardar e traduzir o mundo, mas, espelhada, encalacrada, só através de intenso trabalho, ‘via lavra’, é capaz de ‘aclarar a vida’.”[3]

“‘Há um cio vegetal na voz do artista’ que busca desautomatizar a linguagem, despi-la de sentidos coagulados para provocar um ‘inauguramento de falas’.”[4]

É, em todo caso, muito simples (complicado é entender o que está assim sendo dito, se lido com atenção, para além da aparente intimidade entre afirmações e versos: “‘Há um cio vegetal na voz do artista’ que busca desautomatizar a linguagem”?). Tão simples quanto fácil de achar. Na verdade, é impossível não deparar com o método ao ler as publicações culturais, impressas ou eletrônicas, em sua crescente e irresistível dominação da crítica brasileira contemporânea de poesia. Dominação até aqui não desnudada. Não que sua presença não seja percebida: mas tomam-na como parte natural da paisagem, e, assim, intemporal. Contudo, não é nem natural nem intemporal. De fato, se o método não é novo, a dominação é relativamente recente, conseqüência direta da “demissão da crítica” (que merece o nome), para usar a expressão de Paulo Franchetti.
Contudo, a “demissão da crítica” não explica, por si só, as características do que a substituiria. A explicação está em que o método, sendo simples, é fácil de usar. Fácil, simples e dominante, ele é, numa palavra, democrático. Democrática é, assim, a crítica acrítica que instaura. Nomes de renome e anônimos, profissionais reconhecidos e bissextos desconhecidos, todos são iguais perante o método. Incluindo – alvíssaras! – acadêmicos e jornalistas. Dou aqui, portanto, a boa nova: os tempos tempestuosos da crítica fraturada e das fraturas críticas estão mortos. A academia e o jornal, a biblioteca e o site, o ensaio e a resenha se abraçam, afinal, no regaço democrático do método hétero-auto-crítico-em-verso.

“[A] Psique da poeta seria constantemente despertada de um sono de profundo sofrimento e se enlaçaria a esse amor – por isso… ‘Sempre é melhor/ sofrer/ que não sofrer’ – para um amor tranqüilo no símbolo poético, onde Psique deixa também de ser inocente: ‘Os anjos são/ livres.// Podemos sofrer/ podemos viver/ o acontecer/ único// – os anjos são/ livres’ […].A alma da poeta entrega-se toda às images/stories, na encubação, gestação e nascimento do símbolo: ‘Ouvir um/ pássaro/ é agora ou/ nunca…”[5]

“Tudo é perigoso, quando se faz e se fala da poesia. Terreno nebuloso, graça e mistério, no seu antilugar no mundo. ‘CHOVENOMAR desperdício estarmundo/ CHOVENOMAR acontece/ POEMASPONJA recolhos reunimentos/ meus poros são olhos!’ […] Ler Escorbuto é sentir essa febre terçã da poesia, processo de conhecer e estar no mundo. ‘Febre duradoura/ grau peregrino da letra malabarismo significal/ cada estagiamento dos sinais lança fábulas/ aos cardumes!’”[6]

“As palavras silentes, estiradas ao sol, ‘será preciso repeti-las/ até que se dissolvam/ como a água da chuva. […] A casa do poeta é o deserto – a paisagem sem telhado, cheia de tempestades, que não ‘cessa nunca’. Ele habita o oco do mundo, ‘o vazio de tudo/ que é definitivo’. Por sua distância da cidade, o deserto proporciona a solidão de onde todas as coisas são vistas com estranhamento e resistência. ‘Cultivar um deserto/ como um pomar às avessas’.”[7]

“Há vaticínios de uma impossibilidade de realização: ‘Nada é tão grande sob o céu/ Que possa evitar a nossa derrocada’; há um ‘sentimento antigo’ que não nos abandona: ‘Fomos feitos para a solidão/ A mesma que sente um animal/ Ao largar o seu rebanho’; há definições do que seria o amor: ‘O amor se apressa, se desespera/ Trágico de tanta alegria’.”[8]

Apesar de dominante, o método não é, portanto, totalitário. Na verdade, é três vezes democrático. Uma, ao igualar os críticos. Outra, ao igualar os poetas – ao ser uma forma de não ler os poemas, mas de corroborar crenças, intenções, discursos, idiossincrasias e o que mais se queira. Os críticos hétero-auto-em-verso aboliram, e não por acaso, o dado de Mallarmé: “Poesia não se faz com idéias, mas com palavras.” Do que se deduz, ou ao menos do que eu deduzo, que boas idéias não fazem bons poemas. Logo, idéias más não fazem maus poemas. Um mau poema, então, pode conter uma boa idéia, assim como um bom poema uma má idéia. E mesmo uma idéia má. A má idéia que têm da poesia os críticos hétero-auto-em-verso impede-os, porém, de percebê-lo. Má idéia, porque para aproveitar de modo facilitado um verso é preciso não ler o poema. Considerá-lo tão irrelevante que se possa não levar em conta se ele é bom ou ruim. Que um poema possa ser bom ou ruim. Não faz(em) diferença.
Em compensação, fornecem uma boa razão para a crescente dominação do método: fazer ativamente a não-leitura da poesia contemporânea. Fazer a não-leitura é diferente de não fazer a leitura. Não fazer a leitura denota indiferença. Fazer a não-leitura denota interesse pela indiferenciação. Por um lado, vislumbra-se a vasta mediania da poesia contemporânea. Por outro, milita-se vastamente na mediania. Não há como saber se a prevalência da mediania levou à militância em causa própria, ou se a militância na mediania levou à própria prevalência. Nem há necessidade: uma levou à outra, enquanto a outra fortaleceu uma. A mediania é uma planície em que todos têm mais ou menos a mesma altura. Deixando de lado os picos elevados e os vulcões fumegantes, cujas sombras tornariam invisíveis e deixariam no escuro todos os animais das planuras, em tal paisagem a mera existência de acidentes geográficos como pedras altas, colinas e platôs acarretaria no mínimo três problemas: ter de medir sua altura; ter de tentar escalá-los para poder descrevê-los; ter de procurar uma farmácia para comprar aspirina para o torcicolo.
A terceira forma de o método ser democrático é não exigir exclusividade, mas tolerar muito bem, por exemplo, palavras espertas sobre o poeta e afirmações palavrosas sobre a poesia. A ponto de elas serem quase tão encontradiças quanto o próprio exercício do método.
Palavras espertas sobre o poeta:

“[Nos proporciona] lampejos de intensidade concentrada, de uma forma muito peculiar, isto é, com muita naturalidade, isto é, sem forçar a barra, isto é, pisando um terreno que ela conhece bem, como se diz, a palma de sua mão, e essa quiromancia geográfica da sensibilidade foi desvendando e carregando de sentidos as linhas e rastros…”[9]

O que me lembra James Joyce: “Onde a mão do homem nunca pôs os pés.” Falava, se não me engano, da lua antes do pequeno salto gigantesco de Neil Armstrong. Aqui, porém, não se trata do impisado lado oculto do distante satélite, mas da próxima e exposta palma da mão do poeta, que por isso é pisada: “pisando um terreno que ela conhece bem, […] a palma de sua mão.” Daí se entende tal “quiromancia geográfica”, que tem a ver com palmilhar detalhadamente a palma da mão. Também se entende porque alguns poetas afirmam que seu processo de criação é doloroso.
Afirmações palavrosas sobre a poesia:

“O tráfico de estilemas e códigos do imaginário, em sua poesia (que navega entre símbolos e paisagens orientais, mas também nas tradições místicas e poéticas do Ocidente, na alquimia das vogais de Rimbaud e no mergulho em cenários devastados de nossa triste época) não se resume a poucos pontos luminosos. A experiência vital, a pulsação do agora, dos movimentos contínuos do ser no tempo, está gravada (ou grafada) em suas linhas e estrofes, numa consciente mescla de sensação, onirismo e escritura: arte mandálica…”[10]

“Arte mandálica”? Mas que diabo é “arte mandálica”? Não se tratando da arte de desenhar mandalas, nem de poesia visual, em que de fato há poemas tão circulares quanto uma mandala, só resta ser uma metáfora para versos “redondos”. Mas se o são, por que achatá-los sob essas palavras pesadas, em vez de simplesmente reproduzi-los no branco macio da página? Talvez não sejam tão “redondos” assim. “Arte mandálica”, enfim, deve se referir a alguma coisa como “arte holística”. Mas disso nada digo, porque nada tenho a dizer.
Tudo isso, porém, nos afastou do método hétero-auto-crítico-em-verso. Ansioso por testá-lo, escolho um poema clicando num link de um site aberto em minha tela.

Mesa posta sob arcano maior
de miríade estelar
contraplano arco-abóbada ao teto branco-rosa
tração de Zeus anfitrião
árabo-estirado em divã fúcsia
zéfiros de 1001 aventuras
sete anões de Ali babá e um príncipe encantador
buquê
de baleias sexo-enrabadas
maré alta a fundo do elevado paulistano

Demais deuses espicaçados
na lente multifocal de Zeus
olho ciclópico omnipresente
e as excelsas sobrancelhas
– Ave, Aquiles
ferido nos tendões
que Agamêmnon adora sob o polegar
para afagos de cu peidador[11]

O poema segue, mas eu paro. Paro, leio e releio, e quedo inútil e pasmo: não consigo entender absolutamente nada. O que significa “contraplano arco-abóbada ao teto branco-rosa”? O que, “baleias sexo-enrabadas”? Como pode Aquiles estar ferido “nos tendões”, se era ferível apenas em um tendão, aquele pelo qual sua mãe, a divina Tétis, segurou-o ainda bebê entre o polegar e o índice, para o banhar nas invulnerabilizantes águas do Estige? E por que o que produz afagos é um “cu peidador”? Se não se nega que em certas circunstâncias um cu possa produzir o que se entenda por “afagos”, não será por ser “peidador”, e sim a despeito de sê-lo. Mal tinha, assim, identificado e nomeado o método dominante na crítica contemporânea de poesia no Brasil, e eis que logo falho retumbantemente em testá-lo. Tudo se deve a minha ignorância, bem sei: pois é preciso compreender minimamente o que dizem os versos para fazer afirmações sobre tais versos cuja demonstração limite-se a eles próprios, ou para parafraseá-los e rechear deles mesmos as paráfrases. E eu não entendo nada. Além disso, confesso não ter vontade alguma de entender nada, pois compreendo claramente não gostar absolutamente de nada: do ritmo arbitrário, sem qualquer sustentação nas unidades sintáticas, do vocabulário “raro”, “poético”, mas “modernizado” pela irrupção vulgar do baixo calão, das figuras pseudo-espertas como “zéfiros de 1001 aventuras”, da ausência de relações sonoras, dos versos brancos que tais características fazem opacamente cinzentos. Enfim, o poema do prof. Michel Sleiman não passa no teste. Concebo, então, quatro hipóteses para explicá-lo, uma mais terrível que a anterior: sou um mau crítico hétero-auto-em-verso; o método não é bom; a poesia do prof. Sleiman é não-boa; o método e a poesia do prof. Sleiman são bons não.
Não importa. A despeito do que seja aqui bom ou mau, o método existe, e não somente existe como domina a crítica contemporânea de poesia no Brasil.
Tranqüilizo-me, então, e eis que se faz a luz: não é preciso, não pode ser preciso entender o que se lê para praticar a hétero-auto-crítica-em-verso. Não porque seus praticantes não sejam grandes entendedores de versos, mas porque muito da poesia brasileira contemporânea é cifrado, ou idiossincrático, ou meramente incompreensível. Nem por isso o método deixa de ser o método.
Apesar de tê-lo descoberto, ainda não o compreendera em toda a sua magnífica auto-suficiência. Tendo-a, porém, vislumbrado, percebi deslumbrado que cercar um verso de afirmações sobre esse verso cuja demonstração limita-se a ele mesmo não é, enfim, muito diferente de fazer a paráfrase do verso e recheá-la dele próprio. O método é ainda mais uno e íntegro do que notara. As afirmações afinal podem, e idealmente talvez devam, limitar-se à paráfrase: o hétero e o auto unidos num grau máximo, e a pertinência das afirmações levada a sua mais perfeita tradução.Tento, portanto, mais uma vez:

A poesia do prof. Sleiman abre-se a todos os acontecimentos, mas absorve seus haustos de uma direção precisa, como “zéfiro de 1001 aventuras”. Em sua visão em grande angular do fenômeno poético, a poesia é o “olho ciclópico omnipresente”, rival, portanto, dos big-brothers da vida, que deixa os “demais deuses espicaçados”.

Entusiasmado, arrisco complementar a aplicação do método com algumas afirmações palavrosas:

A poesia do prof. Sleiman tensiona as fronteiras dos conceitos (ainda) estabelecidos, articulando sintagmas que fundem o chamado Ocidente com o chamado do Oriente, “Zeus árabo-estirado em divã fúcsia”… O primatismo simultaneísta da pós-modernidade desnuda-se no pararelismo de versos que findam em arestas (“Mesa posta sob arcano maior// tração de Zeus anfitrião// sete anões de Ali babá e um príncipe encantador”), sem as reconfortantes e hierarquizantes subordinações do logos.

Estávamos, afinal, eu e o Groucho exultantes por havermos flagrado a hétero-auto-crítica-em-verso, além de tê-la tão bem nomeado e, por fim, testado, comprovando o quanto é, de fato, potente e onipotente, pois independente de qualquer característica do poema ou capacidade do crítico, revelando-se, enfim, a crítica em seu estado mais puro, quando o Groucho se lembrou de sua fome, saindo em demanda de seu prato, deixando-me abruptamente sozinho, cevado com essa mais que razoável porção do método.

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Notas:

[1] LIMA, Luiz Costa. A arte secreta. Mais!, Folha de S. Paulo, 23 abr. 2006.
[2] SANCHES NETO, Miguel. Duas maneiras de se habitar o nada. Disponível em: <http://www.revista.agulha.nom.br/msanches01.html>.
[3] BARBOSA, Frederico. Posfácio ao livro “Sondas”, de José de Paula Ramos Jr. Disponível em: <http://www.secrel.com.br/Jpoesia/fred02.html>.
[4] PINTO, Manuel da Costa. Manoel de Barros. In: Literatura brasileira hoje. São Paulo: Publifolha, 2004, p. 18.
[5] BRITO, José Carlos A. A imagem criativa na poesia de Orides Fontela. Disponível em: <http://www.revista.agulha.nom.br/ag43fontela.htm>.
[6] PEREIRA, Jairo. Epopéia do eu no mar. Disponível em: <http://www.cronopios.com.br/site/resenhas.asp?id=723>.
[7] MARQUES, Ivan. Calendário em chamas. In: Rodapé – crítica de literatura brasileira contemporânea. São Paulo: Nankin, 2002, p. 61.
[8] MOREIRA, Moacyr Godoy.
O vazio. Disponível em: <http://rascunho.ondarpc.com.br/index.php?ras=secao.php&modelo
=2&secao=25&lista=0&subsecao=0&ordem=557
>.

[9] ANTUNES, Arnaldo. Desorientais. In: 40 escritos. São Paulo: Iluminuras, 2000, p. 116-117.
[10] DANIEL, Cláudio. A arte de enlouquecer cristais. Disponível em: <http://www.daniel.claudio.sites.uol.com.br/cristais.htm>.
[11] SLEIMAN, Michel. Mesa Posta por Horácio Costa. http://www.cronopios.com.br/site/poesia.asp?id=1255.


 Sobre Luis Dolhnikoff

Luis Dolhnikoff estudou Medicina (1980-1985, FMUSP) e Letras Clássicas (1983-1985, FFLCH-USP). Entre 1990 e 1994, co-organizou em São Paulo, ao lado de Haroldo de Campos, o Bloomsday SP, homenagem anual a James Joyce. Em 2005, recebeu uma Bolsa Vitae de Artes para estudar a vida e a obra do poeta Pedro Xisto. Entre 2006 e 20014, foi articulista de política internacional na Revista 18, do Centro de Cultura Judaica de São Paulo. Como crítico literário e articulista, colaborou, a partir de 1997, com os jornais O Estado de S. Paulo, A Notícia, Diário Catarinense, Gazeta do Povo, Clarín e, recentemente, Folha de S. Paulo, bem como em várias revistas. É autor do livro de contos Os homens de ferro (São Paulo, Olavobrás, 1992), além dos livros de poemas Pânico (São Paulo, Expressão, 1986, apresentação Paulo Leminski), Impressões digitais (São Paulo, Olavobrás, 1990), Lodo (São Paulo, Ateliê, 2009), As rugosidades do caos (São Paulo, Quatro Cantos, 2015, apresentação Aurora Bernardini, finalista do Prêmio Jabuti 2016) e Impressões do pântano (São Paulo, Quatro Cantos, 2020).