Apresentação: Em nome do pai
Campinas, 12 de novembro de 1981. Depois de uma campanha brilhante no primeiro turno do Campeonato Paulista, encerrada com a conquista do título sobre o rival Guarani, a Ponte Preta patinava na reta final do returno e estava praticamente fora da briga por uma vaga na decisão.
Mas ainda restavam duas rodadas para o término da segunda fase. E vitórias sobre Santos, em Campinas, e Palmeiras, na capital, combinadas com tropeços dos adversários poderiam colocar a Ponte Preta numa improvável final. Como já havia conquistado o primeiro turno, se repetisse a façanha no returno, a Macaca conquistaria o inédito título paulista de forma antecipada.
Aos 34 anos, Dicá já experimentava o ocaso da carreira, embora ainda fosse o grande ídolo e a referência técnica do time, brindando os torcedores com lances mágicos: cobranças de falta precisas, lançamentos milimétricos e belos gols. Como não sabia por quanto tempo ainda permaneceria na ativa, não queria desperdiçar aquela oportunidade de realizar o sonho de dar um título à Ponte Preta, seu clube de coração, pelo qual vibrara e sofrera na arquibancada durante toda a infância e adolescência.
Por isso, sequer cogitou a possibilidade de não entrar em campo para enfrentar o Santos naquela noite. Mas não era uma decisão tão simples quanto parecia. Dicá tinha dificuldade em controlar os sentimentos: tensão, esperança, medo, fé, angústia – tudo se sucedia e o agitava por dentro.
Apesar do mando de campo, a Ponte Preta recebia o Santos no estádio do rival Guarani em razão de um enorme buraco, com 1,5m de diâmetro, aberto praticamente no centro do gramado do Majestoso após o rompimento de uma das tubulações do sistema de drenagem. Enquanto pisava no gramado do Brinco de Ouro, Dicá não conseguia deixar de pensar no drama vivido por seu pai, Oscar, que lutava contra um câncer de próstata e, naquela tarde, havia passado por uma cirurgia na antiga Clínica Santo Antônio, na avenida Barão de Itapura, em Campinas.
Apesar de a cirurgia ter sido bem-sucedida, o quadro inspirava cuidados. Aos 65 anos, o senhor Oscar não tinha o câncer como único inimigo e lidava com um organismo já debilitado por um derrame sofrido sete meses antes. No momento do jogo, permanecia em recuperação, consciente, na Unidade de Terapia Intensiva do hospital.
Depois da cirurgia, Dicá não esteve mais com seu pai. Concentrado para a partida contra o Santos, informando-se pelo telefone do que se passava com o senhor Oscar, apenas se sentiu um pouco mais tranquilo ao saber que a intervenção correra bem e que ele estava em observação. E, ainda que a preocupação com a situação fosse enorme, queria muito jogar bem aquela partida, pois sabia que ela traria nova alegria ao pai, quem sabe pressagiando uma feliz recuperação. E confiava que, vestida a camisa alvinegra, prática que já repetia há 15 anos, a concentração no jogo poderia se sobrepor a tudo o mais.
— Quando você está dentro de campo, deixa os problemas de lado e só pensa na vitória, em ajudar o time a vencer. Nunca usei uma situação extracampo para justificar uma atuação ruim.
Poucos sabiam do drama vivido por Dicá. Na preparação para o jogo contra o Santos, ele participou normalmente dos treinos e, em momento algum, sua ausência foi cogitada. Os jornais sequer fizeram referência à doença do senhor Oscar. Pelo contrário. Dicá era apontado como a grande aposta da Ponte Preta. Na última vez em que o clube havia mandado uma partida no estádio Brinco de Ouro, em julho de 1977, ele tivera uma atuação de gala, marcando os três gols do time na derrota por 4 a 3 para o Palmeiras.
Não seria diferente daquela vez. Quando a partida começou, Dicá não decepcionou. No primeiro tempo, apesar do jogo morno, repleto de erros no meio-campo, foi ele o principal responsável pela organização do time em campo e o autor do lance mais perigoso, numa finalização de fora da área defendida pelo goleiro Marola. Afora esse, o único lance que despertou a atenção do público foi um despretensioso cruzamento na área santista, que desviou no árbitro Márcio Campos Sales e quase enganou Marola.
Até que, aos 44 minutos do primeiro tempo, o árbitro marcou uma falta na entrada da área sobre o centroavante Chicão. Os mais de oito mil torcedores presentes no estádio se agitaram. Dicá era o nome que naturalmente vinha à cabeça de todos. Impossível não lembrar o tradicional bordão que a cidade toda tinha na ponta da língua e que vinha à tona quando o camisa 10 se preparava para uma cobrança: “falta, na área-média, é meio-gol!”
Posicionado ao lado da bola, Dicá aguardava a autorização do árbitro. O silêncio tomou conta do estádio por apenas quatro exatos segundos. Os mesmos quatro segundos que separaram o apito de Márcio Campos Sales do término da parábola perfeita que encontrou seu destino no canto esquerdo de Marola. Do silêncio à euforia em quatro segundos. Gol da Ponte Preta! Gol de Dicá!
Na comemoração, uma cena rara. Em vez da tradicional corrida para a arquibancada e da vibração próximo à torcida, com os braços erguidos, Dicá se dirigiu ao banco de reservas e abraçou o técnico Jair Picerni. Ainda que inconscientemente, o abraço no treinador parecia simbolizar o desejo oculto para a maioria: a vontade de estar próximo do pai, o primeiro treinador, grande incentivador e ídolo.
No segundo tempo, ainda conduzida por Dicá, que permaneceu em campo durante os 90 minutos, a Ponte Preta passou a apostar nos contra-ataques, enquanto lutava para frear as tentativas de pressão do Santos. O jogo se tornou mais tenso e os visitantes ameaçaram com uma cobrança de falta cheia de efeito do ponta-esquerda João Paulo, que parou no travessão de Carlos.
Mas a Macaca respondeu com perigo aos 30 minutos, em mais um chute de fora da área de Dicá, desta vez defendido por Marola. Aos 39 minutos, nova investida da Ponte Preta, mas o goleiro santista voltou a aparecer e evitou o segundo gol ao mandar para escanteio uma cabeçada certeira de Chicão.
Seis minutos depois, Márcio Campos Sales encerrava a partida: Ponte Preta 1, Santos 0. Não havia sido um jogo brilhante, mas, sob a batuta de Dicá, a Ponte Preta vencia e mantinha o sonho da classificação para a final do segundo turno do Campeonato Paulista.
A esperança de conquista da vaga, que duas horas antes parecia impossível, renascia, graças à vitória alvinegra, somada ao triunfo por um a zero do Palmeiras sobre o São José. Três dias depois, o milagre da classificação poderia se materializar, caso a Macaca vencesse o Palmeiras por dois a zero e São José e Santos, que se enfrentariam no Vale do Paraíba, ficassem no empate.
Se ainda podia sonhar com a classificação, a Ponte Preta, mais uma vez, devia a vitória ao talento de seu camisa 10. Aquela certamente não foi a maior atuação de Dicá pelo clube. Mas foi mais uma atuação decisiva, como bem resumiu o Correio Popular:
“Dicá: o mesmo de sempre. Em apenas um lance, definiu a partida. Nos demais, ensinou muita coisa aos outros jogadores. Nota 8” (Correio Popular, 13/11/1981).
A poucos quilômetros dali, no quarto da UTI, o senhor Oscar sabia que Dicá estaria em campo e, apesar da fragilidade, esboçou um sorriso ao ser informado por um dos enfermeiros que a Ponte Preta vencera o Santos por um a zero, com um gol de falta marcado pelo filho, justamente o fundamento cuja prática tanto incentivara.
Enquanto isso, Dicá voltava para casa. À natural agitação pós-jogo, somavam-se a preocupação com a recuperação do pai e a incerteza em relação à comemoração do aniversário de seu terceiro filho, que completaria três anos no dia seguinte, 13 de novembro de 1981, e, coincidentemente, fora batizado com o seu nome e o nome do avô: Oscar. A cabeça não dava trégua, mas Dicá precisava desligar: na manhã seguinte, logo cedo, iria com a mãe ao hospital para visitar o pai.
Sexta-feira, 13
O fatídico 13 de novembro de 1981 ainda permanece vivo na memória de dona Elvira Carvalho Sales Bueno, a viúva do senhor Oscar. Ao relatar o ocorrido, nota-se que ela ainda se vê, ao lado do filho, no interior da sala de espera da Clínica Santo Antônio. A cena traumática vivenciada lá jamais desapareceu de sua memória.
Naquela manhã, dona Elvira acordou ansiosa. Não via a hora de visitar o marido, que deveria receber alta e voltar para casa. Ficara combinado de Dicá levá-la ao hospital. Bem antes do horário acertado entre eles, dona Elvira já o aguardava, aflita, sentada, próxima à porta de entrada. O coração de Dicá tampouco estava tranquilo. A alegria pela vitória no dia anterior cedia terreno para a ansiedade. Ao chegar à casa da mãe, sequer desceu do carro. Dona Elvira apenas pegou a bolsa, fechou a casa e entrou no carro.
Chegaram à clínica animando-se mutuamente, com as notícias da véspera. Na recepção, procuraram por Ivan Lorenzato, amigo pessoal de Dicá e também o médico do senhor Oscar. A funcionária pediu que aguardassem, pois ele ainda não havia iniciado o expediente. Sentaram-se, mas não conseguiam relaxar. A expectativa, com a espera, provocava um incômodo peso no peito.
Entretanto, o médico não demorou a chegar. Passou por Dicá e avisou-o de que ainda iria entrar na UTI para saber como o pai dele havia passado a noite. Dona Elvira apenas ouvia, calada. Levantou-se bruscamente apenas quando viu o médico retornar da UTI, e dirigir-se a Dicá, com o semblante preocupado. Ainda antes de se aproximar do filho, percebeu a desolação que tomava conta dele, o movimento das mãos que pareciam querer dar apoio ao rosto perplexo. Nervosa, interrompeu a conversa do filho com o médico: “O Oscar não está bem? Tem algo errado com o meu marido, doutor?”
Após alguma hesitação, o médico apenas disse que o senhor Oscar falecera há dez minutos. Dona Elvira sentiu que perdia o chão. As lágrimas irrompiam sem aliviar o desespero que se apossava dela. Não entendia aquele anúncio dado como fato consumado, não podia entender o que seria viver sem o companheiro de tantos anos. Mas era isso: os momentos seguintes passaram sem que ela pudesse entender que perdera o marido para sempre. Ainda hoje, não tem ideia de como Dicá a levou de volta para casa.
De fato, mãe e filho foram igualmente surpreendidos pela notícia. Nunca imaginaram a sério que o senhor Oscar pudesse deixá-los naquela inesquecível sexta-feira, 13. Sabiam, claro, que ele enfrentava uma doença séria, porém ainda o viam como um sujeito forte, animado e com muita vontade de viver. Mas essa imagem de força não bastara para vencer a luta desigual, travada na surdina, contra o câncer de próstata.
A certa altura, de maneira inesperada, Dicá apercebeu-se que não poderia conversar com o pai sobre a vitória da noite anterior, como fizera em tantas outras ocasiões. O homem que o ensinara a amar o futebol e a torcer pela Ponte Preta já não estava lá para ouvi-lo e conversar com ele. Então soube que a própria vida, sem o pai, nunca mais seria a mesma.
Para a mãe, assimilar a morte do marido levou tempo. Dona Elvira caiu em depressão. Tinha crises constantes de choro. O amor que sentia pelo marido, e que confessa sentir ainda hoje, era incondicional. No período pós-derrame, durante os sete meses anteriores ao dia de sua morte, em que o marido esteve muito debilitado, dona Elvira fez o que parecia impossível para uma só pessoa: dava-lhe banho, preparava-lhe a comida prescrita, levava-a a sua boca, trocava-lhe a roupa. Nunca deixou de lhe aparar o bigode. Só não se arriscou a lhe cortar o cabelo – tarefa que deixava para o barbeiro costumeiro, que vinha até a casa deles.
O senhor Oscar e dona Elvira viveram casados por 42 anos. Foi uma relação intensa, amorosa e de raríssimas brigas. Era evidente para todos que o casal adorava dividir o mesmo teto. Sempre tiveram uma vida simples, com uma rotina regrada por costumes da época, como, por exemplo, guardar dinheiro embaixo do colchão, tarefa que dona Elvira, como tesoureira da família, gostava de realizar.
Dentro de casa, entretanto, tinham comportamentos e personalidades opostas. Ele tinha o pavio curto, era nervoso, rígido, quando falava era como se falasse a própria lei. Para os filhos, um assovio do pai era suficiente para que adivinhassem o tamanho de sua ira. Bravo, ninguém ousava desafiá-lo. Era também teimoso e raramente abdicava de suas opiniões. Partilhava o mesmo temperamento nervoso, assim como a pressão alta, com seus 17 outros irmãos, entre homens e mulheres, que morreram de problemas cardíacos. Era também um sujeito honesto, organizado, trabalhador e, sobretudo, agregador: adorava ter os filhos por perto, a família toda reunida. Seu grande passatempo era o mesmo de quase todo homem naquele tempo: ouvir futebol pelo rádio. Quando o radinho estava ligado, ninguém mais falava: todos eram um ouvido só. O senhor Oscar gostava especialmente de escutar o noticiário esportivo. Torcedor fanático da Ponte Preta, mal conseguia assimilar a ideia de que o filho, Dicá, seria o melhor jogador da história do clube. Ou mais ainda: o maior ícone do grande futebol alcançado pelo time. A prova definitiva de que nem só de títulos se alimenta uma grande torcida.
Outro traço importante do temperamento do senhor Oscar eram os ciúmes da esposa. Por causa dele, dona Elvira conta que, muitas vezes, fora forçada a passar por situações desagradáveis. Quando tomavam ônibus juntos, ela tinha de passar todo o trajeto com a cabeça baixa, a olhar para o chão. Nenhum outro homem que estivesse no interior do coletivo poderia olhar para ela sequer. E ela geralmente acatava as ordens fulminadas pelo olhar enciumado, mesmo sabendo que eram tolas ou desnecessárias.
Afora os estremecimentos causados pelas cismas do ciúme, a convivência sempre fora harmoniosa. Eram ambos sentimentais e apaixonados. Era comum vê-los sentados no sofá assistindo à televisão de mãos dadas. Não se desgrudavam, como se juntos houvessem descoberto uma unidade que não havia neles separados.
Perder o companheiro resultou em mudanças drásticas naquela rotina que parecia estabelecida de uma vez por todas. A começar pela solidão, que dona Elvira nunca sentira até então. Além disso, sem o líder reconhecido e voluntarioso, perdeu-se parte da identidade familiar: mãe, filhos e irmãos passaram a se reunir com menos frequência. As festas e os encontros que antes eram corriqueiros e quase obrigatórios começaram a escassear. Até nas tradicionais comemorações de fim de ano não havia mais o mesmo empenho de reunir a família toda.
Não é que tenha surgido algum problema entre eles. Não há inimizade, todos continuam a se falar, mas perderam o hábito pelo qual tanto zelava o velho pai. E bastam alguns minutos de conversa com dona Elvira para perceber que nada é tão palpável para ela quanto o sentimento de saudades do passado, da época em que vivia com o marido ao lado e a casa estava sempre repleta de filhos e netos.
Também fica claro que a morte do senhor Oscar simbolizou um verdadeiro divisor de águas na família Sales Bueno. Sem a presença catalizadora do chefe de família, muita coisa se dissolveu ou mudou de direção. Dona Elvira, sozinha, não conseguiu manter acesa a chama com que o senhor Oscar animava o espírito da família. As pessoas mais próximas, do bairro, que os frequentavam, são unânimes em reconhecer a mudança: a família que, no passado, era tão calorosamente gregária, depois disso se tornaria mais discreta, quase fria.
Mas os filhos do senhor Oscar e dona Elvira não encaram dessa maneira. Acreditam que o distanciamento se deu como um processo natural, não exatamente pela perda do pai: aquele tempo havia terminado, como termina mais um entre os vários ciclos da vida. Cada um deles passou a ter os seus cônjuges, filhos, netos. Com tantos compromissos, é quase impossível reunir todos numa mesma data.
Seja como for, dona Elvira se orgulha em dizer que a solidariedade entre eles nunca se perdeu. E mesmo nessa nova etapa da família, é justo dizer que o senhor Oscar nunca se ausentou completamente. Ele ainda exerce forte influência sobre todos. Seu jeito de falar, de pensar, os seus valores estão bem vivos na memória de cada um deles, que se recordam do pai com comentários em que se mesclam orgulho e saudade:
— Meu pai sempre foi uma pessoa muito querida no bairro do Santa Odila, pois tinha as crianças sempre por perto. Ele organizava treinamentos de chute a gol e cobranças de falta com a molecada na rua, formava os times. Ele gostava de ter os filhos por perto. Quando mais velho, fui morar na Fazenda da Rhodia e não tinha carro. Ele e minha mãe, pelo menos uma vez por semana, pegavam um ônibus e atravessavam a cidade toda para me visitar — contou o filho primogênito, Walter Sales Bueno, conhecido como Pezão.
— Quando ele morreu, foi difícil assimilar. No começo, é duro porque é muito marcante. O tempo ajuda, a dor passa, mas você não deixa de ter saudade, boas lembranças. Vou sempre ao cemitério. Tem gente que não acredita, é diferente [chora]. Eu não deixo de ir. Não estou dizendo que eu vou toda semana, mas eu e a Berenice vamos lá, levamos um vasinho de flor, fazemos uma oração — contou Dicá.
— Meu pai sempre apoiou a gente. Ele e minha mãe sempre fizeram o que podiam por nós. Não tenho uma queixa, só orgulho — diz o caçula Claudemir, o Coca.
— Meu pai era fanático por futebol e também pela Ponte Preta. Ele foi o maior incentivador da carreira do meu irmão Dicá. Na época, o Dicá tinha vergonha de carregar a chuteira nas mãos dentro do ônibus. Por isso, meu pai saía de onde estava apenas para levar as chuteiras para o Dicá nos treinos. Ele sempre acreditou que o filho se transformaria em um grande jogador — completa a irmã Eiva.
— Meu marido era bonito, viu! Falo de boca cheia, pois ele era bonito, mesmo! Tem umas fotos aí e você vê. Ele era um pai muito nervoso, mas, ao mesmo tempo, carinhoso. Ele era como o Dicá. Se ele fosse sair para passear, os filhos tinham que estar juntos, sempre! Levava os quatro — emendou dona Elvira, com os olhos marejados.
A bela história da família Sales Bueno, condensada na forte relação entre o senhor Oscar e dona Elvira, pauta o início da vida de Dicá, o melhor jogador da Ponte Preta de todos os tempos. O que se vai ler a seguir são capítulos escritos nesse ambiente familiar, construído quase todo no bairro operário do Jardim Santa Odila, em Campinas