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Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Raúl Zurita

Raúl Zurita é um poeta nascido em Santiago do Chile em 1950. Apesar de sua nacionalidade, a Itália é país significativo em sua vida, partindo de sua ascendência italiana pelo lado materno. Aprendeu italiano e espanhol simultaneamente, e a literatura de Dante Alighieri foi a primeira a impactar em sua sensibilidade artística. Teve uma infância difícil, porque pobre e órfão de pai logo ao nascer. Sua avó, que cuidou de sua criação, odiava o solo chileno e seus compatriotas italianos, que triunfavam enquanto ela enfrentava a miséria.

Durante a ditadura de Pinochet, Zurita foi preso e submetido a torturas por militar a favor do comunismo. Essa terrível experiência não o amedrontou, mas alimentou sua sede de justiça; mais tarde, dirigiu uma série de atividades culturais para promover a importância da comunicação e a liberdade de expressão com atos nos quais era capaz de atentar contra sua própria integridade física para intensificar o efeito de suas mensagens.

A obra de Zurita foi vencedora do Prêmio Pablo Neruda e do Nacional de Literatura, entre outros; destacam-se seus livros Anteparaíso e Los poemas muertos, e seu ensaio “Sobre el amor, el sufrimiento y el nuevo milenio”.

Obras:

Purgatorio, Santiago: Editorial Universitaria, 1979 (Espanha: Visor);

Anteparaíso, Santiago: Editores Asociados, 1982 (Espanha: Visor, 1996, edição revisada; nos Estados Unidos a Universidade da California Press publicou uma edição bilíngue em 1986, tradução: Jack Schmitt);

Literatura, lenguaje y sociedad (1973-1983), ensaio, Santiago: Ceneca, 1983;

El paraíso está vacío, Santiago: Mario Fonseca Editor, 1984;

Canto a su amor desaparecido, Santiago: Universitaria, 1985;

El amor de Chile, Santiago: Montt Palumbo, 1987;

Selección de poemas, Temuco: Eds. Universidad de la Frontera, 1990;

La vida nueva, Santiago: Universitaria, 1994;

Canto de los ríos que se aman, Santiago: Universitaria, 1997;

El día más blanco, Santiago: Aguilar, 1999;

Sobre el amor, el sufrimiento y el nuevo milenio, ensaio, Santiago: Editorial Andrés Bello, 2000;

Poemas militantes, Santiago: Dolmen Ediciones, 2000;

INRI, Santiago: Fondo de Cultura Económica, 2003 (Visor, 2004; Casa de las Américas, La Habana, 2006);

Mi mejilla es el cielo estrellado, prólogos e seleção de Jacobo Sefamí e Alejandro Tarrab, Instituto Coahuilense de Cultura, Editorial Aldus, Fondo Nacional para a Cultura y las Artes, Saltillo, Coahuila, 2004;

Poemas, antologia, Índia: Codex, Publicaciones del Centro de Estudios de América Latina, 2004;

Tu vida derrumbándose, Buenos Aires: Eloísa Cartonera, 2005;

Mis amigos creen, Costa Rica: Editorial Lunes, 2005;

Los poemas muertos, ensaios, México: Libros del Umbral, 2006;

Los países muertos, Santiago: Ediciones Tácitas, 2006;

LVN. México: El país de tablas, Ediciones Monte Carmelo, 2006;

Poemas de amor, seleção de Sergio Ojeda Barías; Santiago: Mago Editores, 2007;

Las ciudades de agua, México: Ediciones Era / Universidad de las Américas, 2007;

In memoriam, Santiago: Ediciones Tácitas, 2008;

Cinco fragmentos, Santiago: Animita Cartonera, 2008;

Cuadernos de guerra, Santiago: Ediciones Tácitas, 2009 (Espanha: Amargord, Madrid, 2009);

Poemas 1979-2008, antologia, Ventana Abierta Ediciones, Chile, 2009;

Sueños para Kurosawa, Pen Press, 2010;

Zurita, Santiago: Ediciones UDP, 2011 (Espanha: Delirio. Salamanca, 2012; México: Aldus, México D.F., 2012);

zurita x 60: textos críticos sobre sua obra e seu ensaio “Los Poemas Muertos”, Editorial Mago, 2011.

 

Cf.: http://www.poemas-del-alma.com/raul-zurita.htm#ixzz3ez8jQtNr

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ra%C3%BAl_Zurita.

 

  1. LEITURA DE POESIA

 

Sibila: Você lê poesia?

Zurita: Os poemas que eu amo carrego-os em minha mente, eles dão voltas e mais voltas em minha cabeça como um latido que não para. De vez em quando me encontro com outro poema que me enlouquece, o último foi o poema de Pasolini para Marilyn Monroe, está no Youtube e é lindo, lindo demais, tão lindo que chega a doer.

 

Sibila: Que poesia você lê?

Zurita: A dos jovens, porque eles estão vendo coisas que já não chegarei a ver.

 

Sibila: Você acha que a leitura de poesia tem algum efeito?

Zurita: Sim, me emociona. Os grandes poemas são cruéis, nada podemos aprender com eles, eles permanecem incólumes à nossa devoção, à nossa admiração, são inimitáveis, nem uma linha deles se desprende para entrar nos meus poemas. M’illumino d’ immenso. Está aí, intocado, perfeito, cruel. Não conheço ninguém que possa amar um grande poema.

 

  1. ESCRITA DE POESIA

Sibila: O que você espera ao escrever poesia?

Zurita: Espero inventar uma maneira nova de chorar.

 

Sibila: Qual o melhor efeito que você imagina para a prática da poesia?

Zurita: Nenhum. Todo efeito, no melhor dos casos, é um artifício; no pior, um crime.

 

Sibila: Você acha que a sua poesia tem interesse público?

Zurita: Sim. Um único leitor é uma multidão, uma única multidão é um universo, uma multidão de universos é um único olhar, um único olhar está lendo um poema, tomara que seja este poema, para o leitor.

 

  1. PUBLICAÇÃO DE POESIA

Sibila: Qual o melhor suporte para a sua poesia?

Zurita: O céu. O azul do céu sobre NY.

 

Sibila: Qual o melhor resultado que você espera da publicação da sua poesia?

Zurita: O aplauso estrondoso do mar, das estrelas e de todas aquelas que reconheço apenas nos sonhos.

 

Sibila: Qual o melhor leitor de seu livro de poesia?

Zurita: Deus, que não existe.

 

Sibila: O que você mais gostaria que acontecesse após a publicação da sua poesia?

Zurita: Ser aquele em cujos braços desmaiava Matilde Urbach.

 

 

  1. LECTURA DE POESÍA

 

Sibila: Usted lee poesía?

Zurita: Los poemas que amo los llevo en mi mente, me dan vuelta y vuelta en la cabeza como un latido que no se detiene. De tanto me encuentro con otro poema que me enloquece, el último es el poema de Pasolini a Marilyn Monroe, está en Youtube, es demasiado, demasiado bello, es tan bello que me duele.

 

Sibila: Qué poesía  lee?

Zurita: La de los jóvenes porque están viendo cosas que ya no alcanzaré a ver.

 

Sibila: Para usted la lectura de poesía tiene algún efecto?

Zurita: Sí, me conmociona, los grandes poemas so crueles, nada podemos aprender de ellos, son incólumne a nuestra devoción, a nuestro admiración, son inimitables, ni una línea de ellos se desprende para entrar en mis poemas. M’illumino d’immenso. Esta allí, intocado, perfecto, cruel. Yo no conozco a nadie que pueda amar un gran poema.

  

  1. ESCRITURA DE POESÍA

Sibila: Usted que espera al escribir poesía?

Zurita: Inventar una manera nueva de llorar.

 

Sibila: Cuál es el mejor efecto que usted imagina para la práctica de la poesía?

Zurita: Ninguno, todo efecto es en el mejor de los casos un artificio, en el peor un crimen.

 

Sibila: Usted cree que  su poesía tiene interés público?

Zurita: Sí. Un solo lector es una muchdumbre, una sola muchedumbre es un universo, una muchedumbre de universos es una sola mirada, una sola mirada está leyendo un poema, ojalá sea este poema al lector.

 

  1. PUBLICACIÓN DE POESÍA

Sibila: Cuál es el mejor suporte para su poesía?

Zurita: El cielo. El azul del cielo sobre NY.

 

Sibila: Cuál el mejor resultado que usted espera de la publicación de su poesía?

Zurita: El aplauso estruendoso del mar, de las estrellas y de todas aquellas que reconozco solo en los sueños.

 

Sibila: Quién es el mejor lector de su libro de poesía?

Zurita: Dios, que no existe.

 

Sibila: Qué usted querría que sucediera después de la publicación de su poesía?

Zurita: Ser aquel en cuyos brazos se desmayaba Matilde Urbach.

 

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Leia a série completa

 

Lugares contemporâneos da poesia

Concepção do projeto: Alcir Pécora e Régis Bonvicino
Texto introdutório: Alcir Pécora
Realização: Régis Bonvicino, com a colaboração de Aurora Bernardini e Charles Bernstein

Há reiterados momentos do contemporâneo em que a prática da poesia se parece exatamente apenas uma prática, uma empiria, uma rotina. Faz-se poesia porque poesia é feita. Edita-se poesia porque livros de poesia são editados e foram editados. Por que não continuar editando-os?

Mas qual o significado da arte, quando a arte se reduz a empiria, procedimento habitual que não problematiza os seus meios? Que deixa de inventar os seus próprios fins? Que não desconfia de sua forma conhecida, nem arrisca um lance contra si, inconformada?

Para tentar saber o que pensam a respeito da poesia que produzem alguns dos mais destacados poetas estrangeiros em ação hoje, a Revista Sibila propôs-lhes algumas perguntas simples, primitivas até – silly questions! –, cujo escopo principal é deixar de tomar como naturais ou óbvios os automatismos da prática.

Trata-se de saber dos poetas, da maneira mais direta possível, o que ainda os move a ler, a escrever e a lançar um livro de poesia – ou, mais genericamente, a publicar poesia, seja qual for o suporte.

A condição de, por ora, ouvir apenas os estrangeiros é estratégica aqui. Convém evitar respostas que possam ser neutralizadas a priori por posicionamentos desconfiados de vizinhança.

Leitura de poesia, esforço de poesia e publicação de poesia: nada disso é compulsório, nada disso se explica de antemão. Tudo o que se faz, nesse domínio, é fruto de exigência apenas imaginária. Nada obriga, a não ser a obrigação que se inventa para si.

A revista Sibila quer saber que invenção é essa. Ou seja: o que os poetas ainda podem imaginar para a prática que os define como poetas.

Contemporary places for poetry

There are plenty of moments in our current life when the practice of poetry seems exactly a practice, something empirical, a kind of routine. One makes poetry because poetry has been made. One publishes poetry because books of poetry are published and were published, why not going on publishing them?

But what meaning does art have when art is reduced to empiricism, the habitual procedure which doesn’t discuss its means? Which doesn’t any longer make up its own aims? Which is not suspicious of its usual form, nor runs the risk of a move against itself, unresigned?

Trying to know what some of the most distinguished foreign poets in action today think about their own poetry, Sibila proposed some very simple questions, some naïve questions – silly questions! –, whose principal aim is no longer to consider as natural ( as obvious) the automatisms of the poetical practice.

Sibila asks the poets to tell in the more direct way what still moves them to read, to write, to publish a book of poetry – or, more generically, to publish poetry, in whatever support.

The choice, for the moment, to listen only to foreign poets’ voice is a strategic one. It’s better to avoid answers which would be neutralized a priori, due to suspicious neighbourly attitudes.

Reading poetry, straining to write poetry, publishing poetry: not at all compulsory, all this, not at all explainable in advance. Everything you do in this domain is the result of mere imaginary exacting. Nothing obliges you, unless the obligation you invent yourself, for yourself. Sibila wants to know what kind of invention is that. Id est: what poets may still make up for the practice which defines them as poets.