a morte é um livro
negro de contabilidade
best-seller lido na fila
de um banco em estado like;
é a unidade de sentido
empreendida de lógica
matemática em papel
branco a título corrente;
sem divisa de alforjes,
a língua das finanças
é bolsa de valores
em óbulos cambiantes
flores secas e moedas
na vitrine de Caronte;
se não, vis-à-vis,
pauladas a remo do calote.
em latim, a morte
e os seus disfarces
soam reza morta
na língua do sacerdote
quem não se traduz
em nenhuma parte
no tecido descobre
o fogo do chicote.
a morte é o poder
de três tigres tristes
com a língua travada
na inércia da carcaça,
mecanismo de natureza
primitiva; pétalas
crisântemos, margaridas
em terra devastada.