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Ferlinghetti recusou o prêmio

O poeta, editor e proprietário da editora/livraria City Lights Books, em San Francisco, Lawrence Ferlinghetti  foi informado, em 2012, que iria receber o Prêmio Internacional de Poesia Janus Pannonius do PEN Club húngaro, uma seção do PEN maior. O Janus Pannonius oferece  premiado 50.000 euros. Ferlinghetti, entretanto, pesquisou as fontes de financiamento do prêmio antes de aceitá-lo. E descobriu que uma parte considerável do dinheiro havia sido “doada”pelo governo húngaro, acusado de sufocar reprimir a liberdade de expressão”. À luz desta notícia, Ferlinghetti decidiu recusar o prêmio. Ferlinghetti enviou a seguinte nota ao Presidente do PEN Club Húngaro:

Caro Geza Szocs,

Após uma pesquisa cuidadosa sobre o Prêmio Pannonius e seus patrocinadores, incluindo o atual governo húngaro, cheguei às seguintes conclusões: Desde que o Pannonius é parcialmente financiado pelo atual governo húngaro e desde que as políticas desse regime de direita tendem para o autoritarismo  e a conseqüente redução da liberdade de expressão e das liberdades civis, me é  impossível aceitar o Prêmio. Assim, recuso o Prêmio em seus termos atuais. Proponho ainda que o dinheiro do Prêmio seja utilizado para criar um fundo a ser administrado pelo PEN Club húngaro, dedicado exclusivamente à publicação de autores húngaros cujos escritos apoiem totalmente a  liberdade de expressão, direitos civis e justiça social. Estes são os únicos termos sob os quais eu poderia aceitar o Pannonius.

Em defesa da liberdade individual e das instituições democráticas, Lawrence Ferlinghetti

O PEN Club procurou criar o fundo proposto, ao mesmo tempo em que se ofereceu para excluir a contribuição do governo, mas Ferlinghetti, no entanto, optou por recusá-lo definitivamente. Augusto de Campos, divulgando o prêmio do Pen Club húngaro como o “Nobel da poesia” (sabe-se lá por qual razão) aceitou-o em 2017 e foi ao país de  Attila József (1905-1932 ), comunista e suicida, para recebê-lo e fazer “performances” com seu filho Cid Campos. Victor Orbán, um político de extrema direita, líder do partido Fidesz, é o primeiro da Hungria desde 2010.