Prólogo de Liliane Giraudon, tradução para o francês, notas e posfácio de Antoine Chareyre
O livro, com tradução de Antoine Chareyre, tradutor de Oswald de Andrade e outros modernistas brasileiros, tem prefácio da poetisa Liliane Giraudon, que foi a primeira editora de Pagu no idioma francês, nos anos 80, em parceria com a tradutora franco-brasileira Inês Oseki-Dépré. A edição do texto, apoiada em novas pesquisas, vem com notas e posfácio do tradutor que ajudarão a entender melhor como esse « romance proletário » se insere na atmosfera política e social da São Paulo da época, e também o colocarão devidamente no cruzamento entre a prosa modernista e o nascente romance social da década de 30. Aliás, o maior representante dessa última corrente, Jorge Amado, foi, em 1993, um dos fundadores da editora Le Temps des Cerises, uma casa editorial independente, que lança agora o romance com capa derivada da original, desenhada pela própria Pagu, e uma diagramação respeitosa da edição de 1933.
Para acompanhar o lançamento do livro e comemorar um pouco da trajetória dessa heroína revolucionária, o blog Bois Brésil & Cie., mantido pelo tradutor, faz também propaganda, e coloca no ar vários documentos raros sobre Pagu, sejam estes inéditos em francês ou ainda desconhecidos até pelos estudiosos brasileiros.
Assim estão sendo desvendadas novas resenhas da época sobre o livro, dando uma dimensão maior ao evento literário que foi sua publicação, embora logo tenha sido esquecido por décadas, contando inclusive com uma crítica do jornalista Geraldo Ferraz, ex-antropófago, amigo dos anos de prisão e futuro esposo da escritora.
Nos bastidores do livro, a biografia de Pagu ganha também uma nova curiosidade sobre quem foi a jovem musa da Antropofagia, figura notável da vida cultural e do imaginário coletivo de então, antes do engajamento político : pela primeira vez se noticia a estupenda projeção de Pagu no âmbito da música popular, com a redescoberta de uma toada gravada por Laura Suarez, no carnaval de 1930, e cuja letra foi tirada do famoso poema de Raul Bopp, « Coco de Pagu », que colocara a jovem normalista na pauta, nos anos finais do modernismo.
Patrícia Galvão (Pagu), Parc industriel (roman prolétaire)
Prólogo de Liliane Giraudon, trad. em francês, notas e posfácio de Antoine Chareyre
Editora Le Temps des Cerises (Montreuil), coleção « Romans des Libertés », 14×19,5 cm, 166 p., 14 €
No prelo, a ser lançado no dia 19 de março
Leia mais
- Dossiê Pagu no blog Bois Brésil & Cie. (janeiro/março de 2015)
- Postagem especial sobre a canção de Laura Suarez