Escorre sob a ponte o rio Sena
E em nossos amores
A lembrança me acena
Vinha sempre o prazer depois da pena
Que venha a noite e soe a hora
Os dias se vão não vou embora
Mãos nas mãos esperemos face a face
Até que sob a ponte
Dos nossos braços passe
O eterno desse olhar em nosso enlace
Que venha a noite e soe a hora
Os dias se vão não vou embora
O amor se vai como água turbulenta
Assim o amor se vai
E como a vida é lenta
E como esta Esperança é violenta
Que venha a noite e soe a hora
Os dias se vão não vou embora
Os dias passam passam as semanas
Não voltam o passado
Nem as paixões humanas
E o Sena flui em águas soberanas
Que venha a noite e soe a hora
Os dias se vão não vou embora
Os dias passam passam mas que pena
Passado amor
Nenhuma volta acena
Na ponte Mirabeau se vai o Sena
A noite venha sem demora
Eu fico e o tempo vai embora
(31 Poetas 214 poemas – do Rigveda e Safo a Apollinaire – Uma antologia pessoal de poemas traduzidos, com notas e comentários. Tradução de Décio Pignatari. Editora Unicamp, 271 páginas, 2007. A primeira edição saiu em 1996)
Le pont Mirabeau
Guillaume Apollinaire
Sous le pont Mirabeau coule la Seine
Et nos amours
Faut-il qu’il m’em souvienne
La joie venait toujours après la peine
Vienne la nuit sonne l’heure
Les jours s’en vont je demeure
Les mains dans les mains restons face à face
Tandis que sous
Le pont de nos bras passe
Des éternels regards l’onde si lasse
Vienne la nuit sonne l’heure
Les jours s’en vont je demeure
L’amour s’en va comme cette eau courante
L’amour s’en va
Comme la vie est lente
Et comme l’Espérance est violente
Vienne la nuit sonne l’heure
Les jours s’en vont je demeure
Passent les jours et passent les semaines
Ni temps passé
Ni les amours reviennet
Sous le pont Mirabeau coule la Seine
Vienne la nuit sonne l’heure
Les jours s’en vont je demeure