Silêncio
Ao cabo
pusemos o silêncio no centro,
como se põe a mesa,
para a qual nada foi servido.
O banquete tinha já acabado
E, nunca mais, a mesa,
deixaremos florir a língua.
Silêncio. Apenas o canto eventual
o desperta.
O que murmuram os pássaros
nos ramos do sonho?
Não sonhamos de novo,
nesta noite menos nossa.
Ainda o silêncio. O vento sopra
a abundância do teu cabelo
o grito, o uivo
Viagem
Torci a sombra atrás de mim
para fazer uma corda.
Caminho em silêncio
levando a corda à estrada, este cavalo velho.
Todos os dias o pôr-do-sol é um aborto
e o relógio tem em si a suficiência do tempo.
No fundo da noite, não há direção
só o redor, o além.
Um por um, tiro do corpo os fósforos
cuja cabeça encarnada
rompe com o muro escuro.