Skip to main content

Poemas de Annalisa Cima

I – Annalisa Cima. Poesie/ Poems. Milano: All’ Insegna del Pesce d’Oro, 1999.

IL GIUOCO

      è la sola strada
l’inutile
      sta al vero
      e il vero
esiste solo per giuoco.

PLAY

      is the one way
the pointless
      stands to truth
      the way truth
can only stand to play

Trad. Demetrio Vittorini

O JOGO

é a única estrada
o inútil
está ao verdadeiro
e o verdadeiro
só existe de brincadeira.

Trad. Aurora Bernardini

Hai occhi nei rami sospesi
e dove i rami finiscono
hai radici profonde.

Your eyes are in the boughs that bend
and where the boughs end
are your deep roots.

Trad. Allen Mandelbaum

Tens olhos nos ramos suspensos
e onde os ramos terminam
tens raízes profundas.

Trad. Aurora Bernardini

La via
può essere un luogo
ma nessun luogo
è la via.

The way
may be a place
but no place
is the way.

Trad. Allen Mandelbaum

A estrada
pode ser um lugar
mas nenhum lugar
é a estrada.

Trad. Aurora Bernardini

  Attribuisci importanza
    alle parole
    e le parole
sono perdita di pensiero.

  Let words
    have weight
    and words
make thoughts hollow.

Trad. Allen Mandelbaum

  Atribuis importância
às palavras
e as palavras
são perda de pensamento.

Trad. Aurora Bernardini

LA FORMA

La forma non ha imperfezioni
non è partecipazione ne parte:
si compie. La forma che guardi
ci conosce, si contrappone
alla disgregazione : già scontata
prima della fine.

FORM

Form has no imperfections
is neither participation nor part:
it comes true. The form you consider
knows us, opposes
disgregation: already expiated
before the end.

Trad. Marianne Moore

A FORMA

A forma não tem imperfeições
não é participação nem parte:
cumpre-se. A forma a que olhas
nos conhece, contrapõe-se
à desagregação: já expiada
antes do fim.

Trad. Aurora Bernardini

TERZO MODO

Il terzo modo per
distinguere A con-
siste nel rapporto tra
A e se stessi. A
si identifica, non si ha
alternativa, da
qui il monoteismo.

THIRD WAY

The third way to
distinguish A consists
of the connection between
A and oneself. A
identifies itself, there is
no alternative, hence
monotheism.

Trad. Marianne Moore

TERCEIRO MODO

O terceiro modo de
distinguir A con-
siste na relação entre
a e si próprios. A
se identifica consigo. Não se tem
alternativa, daí
o monoteísmo.

Trad. Aurora Bernardini

CONTESTATO IL SISTEMA

Contestato il sistema, gettiamo fiori neghiamo il passato,
permessi i connubi tra fratelli:
plauso al gusto che cambia,
bendette le nozze omosessuali:
gioco in attesa di inutili natali.
Partecipi al vero solo
chi distingue uomo da uomo,
testimoni e vittime
di precedenti incarnazioni.
il sistema è violenza
di fronte alle idee.
vanità che costringe alla parte
da rappresentare.Simile
alternativa procede da abitudini.
L’ impotenza dei nervi, dei falli
è protesta verso la noia
dove il reale ci precipita.
anticamera di meriti dimenticati,
contrapposto all’ angoscia,
fare per farsi, in questo può trovare
espressione il coito,
raffinata violenza fatta di fiori
e di lasciate vivere.

CONTESTADO O SISTEMA

Contestado o sistema,
atiremos flores neguemos o passado,
permitidos os conúbios entre irmãos:
aplauso ao gosto que muda
abençoadas as núpcias homossexuais:
jogo à espera de inúteis natais.
Partícipes do verdadeiro, somente
os que distinguem homem de homem,
testemunhas e vítimas
de encarnações precedentes.
O sistema é violência
frente às ideias,
vaidade que constrange à parte
a ser representada. Semelhante
alternativa vem de hábitos.
A impotência dos nervos, dos falos
é protesto contra o tédio
aonde o real nos precipita.
Antessala de méritos esquecidos,
contrapondo-se à angústia,
fazer por fazer-se, nisto pode encontrar
expressão o coito:
refinada violência feita de flores
e de deixai viver.

Trad. Aurora Bernardini

Niente parole
  libri
  sentenze.
Datemi um filo
a cui agrapparmi
  un pensiero
da non pensare
  un nulla
in cui vivere
e uma fine che non sai il nulla.

Ni palabras,
  ni libros,
  ni sentencias.
Dadme un hilo al que agarrarme
  un pensamiento
que non se piense
  una nada
en donde vivir
y un fin que no sea la nada

Trad. Jorge Guillén

Nem palavras
nem livros
nem sentenças.
Dai-me um fio
para agarrar-me
um pensamento
para não pensar
um nada
onde viver
e um fim que não seja o nada

Trad. Aurora Bernardini

II –Annalisa Cima. La bellezzain nuce. Falloppio: LietoColle, 2009.

La bellezza in nuce

Se la bellezza illumina l’ intorno
e una luce l’ annuncia da lontano
solo allora udiamo la voce che è
alla foce dell’immaginare.
Quel richiamo eterno, ancestrale
che annulla il brulichio del mondo
e vince le radici del male.
E verrà il giorno della grande prova.
L’ incipit che per noi giunge alla fine.
Il letto-terra ci cullerà sorpreso
in un materno estremo abbraccio.
L’ io proiettato nell’orbita divina
rivedrà l’ Eden ormai dimenticato
quel paradiso d’ energia-pensiero
dove trionfa la bellezza in nuce.
Tace l’estatica atmosfera
una voce soffia note arcane
dicono: è la sopravvivenza.
L’eternità perduta e ritrovata.

A beleza in nuce

Se a beleza ilumina o entorno
e há uma luz de longe que a anuncia
só então ouvimos a voz que está
na foz do imaginar.
Aquele chamado eterno, ancestral
que anula o barulhar do mundo
e vence as raízes de seu mal.
E virá o dia da grande prova.
O incipit que para nós alcança o fim.
O leito-terra nos embalará surpreso
num extremo abraço maternal.
O eu projetado na órbita divina
verá de novo o Eden agora obliterado
aquele paraíso de energia-pensar
onde triunfa a beleza innuce.
Cala-se a extática atmosfera
uma voz sopra arcanas notas
dizem: é a sobrevivência.
A eternidade perdida e reencontrada.

Trad. Aurora Bernardini


 Sobre Annalisa Cima

Annalisa Cima: Nascida em Milão, em 20 de janeiro de 1941. Pintora, poeta e escritora, publicou desde fins dos anos 1960 um número considerável de poemas, nos quais se nota sua particular fisionomia cultural, que nasce de estudos de filosofia, música e da experiência da pintura. É curadora de vários ensaios e traduções dos poemas de Eugenio Montale, de quem foi amiga. Sobre os treze anos de amizade com o poeta acaba de publicar na Le occasioni del Diario Postumo’. Milano: Ares, 2012.