Régis, tomei conhecimento, por leitura recente, da polémica que vem acontecendo a propósito de um texto sobre Augusto de Campos A VANGUARDA COMO ESTEREÓTIPO: UMA ANÁLISE DA POESIA DE AUGUSTO DE CAMPOS, da autoria de Luis Dolhnikoff e que despertou situações bravas. Não vou referir-me ao cerne da questão, pois só posso aquilatar pela rama. Mas gostaria de dizer que essas polémicas no fundo são produtoras de luz uma vez que purgam os maus humores do que esteja eventualmente errado, tendo em vista a existência salubre. Muito diferente é o que se passa em Portugal, onde um espesso manto de silencio vem cobrindo tudo. Os donos da aparelhagem conseguiram criar por aqui um simulacro de “serenidade mansa e doce”, em que não há sobressaltos nem pendências. E os que acaso se atrevem a tentar dizer que algo está mal, que alguns reis vão nus, são de pronto silenciados para que não causem danos eventuais à “panelinha” a que aludiu com perspicácia Eça de Queirós. Aí haverá coisas pouco amáveis. No entanto, aqui, caminha-se a passos largos para um indubitável cripto-fascismo. Com o selo da unanimidade e da falsa cortesia!
Saudações de estima do Nicolau Saião