vi a aurora
enluecer
engolindo seu verso dourado
foi detalhe
e nele o Éden do corpo
III – abrasador
o verão toma me pelos raios solares
dos teus lábios intocados
IV – vento libertador
oceano alado
V- doma o sonho
galgo
cavalga a noite liberta
VI- vibra teu silêncio
o pássaro brisa
VII- demoraria em teu corpo
com a espera
sem sombra
VIII – ah! que a maresia vibra
tenra no ar
enquanto rente
a lua míngua
IX- poema
o que se escreve
poesia
o que se sente
X- no tempo
o dia
vírgula de esquecimento
XI- vê se a dobra
das ondas te enternece
ao horizonte
XII- não é teu sexo
são os arredores
XIII- no que esboça
cria poesia
teu caminho
XIV- os pés cansados
mas os moinhos
movem
XV- tanta querência
nesse silêncio de fonte
XVI – sem timidez
a chuva
XVII- acaso ali
já me habitavas
em pressentimento
XVIII- bem diz a paisagem
verão
febrilmente
XIX- define e contêm
compõem tua sintaxe
na substância da tua vida prenhe, arte
XX- não tenho palavras santas
nem tristeza maior que o tempo
tenho minha circunstância
e as canções do vento
XXI- divago
o que pensa
voa criando nas nuvens
o céu da boca
XXII – desperta silente
não atordoar o pássaro
alvorescente:
alba
XXIII- que espreitais
olhos insedentos?
se tudo variação
descomeço…
XXIV- há uma forma
de poesia não pretérita
esboçada no imprevisível
horizonte
XXV- nada de repente
alegrias cotidianas
toda rotina exuberante
gerânio
um fechar janelas
enquanto chove
XVI – até onde a vista alcança
sonha
XXVII – tinha poesia
por fazer incessante
e o amante
para descobrir sem fim
XVIII – ainda não fizeram
pontes para onde
nos escondíamos
XXIX- o que de melhor
o homem acrescenta
ao mundo são as coisas inúteis
XXX- a lua crescente
para uma alma
faminta
31- viver para conhecer as delicadezas
todas possíveis
32- talvez mesmo só
o silêncio seja sincero
o orgasmo
a dor seja ela franca
o homem em sonho
33- mas teu poema
não brota
ouro de aluvião
garimpa no improvável
34- essa sensação
sideral
de estarmos nus
num aquário etéreo
35- que milagres operados
onde estivemos no dia das saliências
36- os membros lassos
ao luzir dos seios túmidos
satirizados
reencontrantes
37- entre irrestrições
tentaculares
os gomos
mais rijos
38- mergulhão
o vento nas ondas
tordo
insone
39 – não proveito
intento
sobre a matéria
informe
40- da impossibilidade
esses cantos
do prazer
a fonte
41- escrever o que vivo
no ritmo que penso
bloco a verso
templo
42- ainda
colho os frutos
que não feneceram
no inverno
43- consome o olhar
horizonte não cansa
44- memórias incertas
para acontecimentos desejados
45- o prazer do poema
é teu entendimento único
46- quando nasce uma rosa
surge a fé
da seiva
nasce com ela
sua confiança
47- para uma vida ampla?
vede a bula
vide verso
48- não há rubra rosa
que não detenha
com poesia
o ardil dum punhal
49- atmosfera :
um vento difuso
com sentido de eterno
50- entre o arado
o cajado
cálamo
a rima