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Dois poemas

MOTTE:

Eu rhetorica não ando
apprendendo com as antas.

GLOSAS:

Um philosopho me conta
historinha de carocha
muito triste e que me brocha:
Na floresta, elle a uma tonta
“estudanta” faz de compta
que discursa e, la pras tantas,
se appaixona. Si te encantas
com tal peta, não sou brando:
Eu rhetorica não ando
apprendendo com as antas!

Excaldado estou com essas
taes “gerentas” e, si aguentas
tanta asneira pelas ventas,
te consola com taes peças!
Tolerancia não me peças,
todavia, com quem tantas
obras tem que nada sanctas
são, mas “arte” pro seu bando!
Eu rhetorica não ando
apprendendo com as antas!

Si te casas com alguma
fada e gozas quando a embuchas,
eu prefiro com as bruxas
me casar, ou com a pluma!
Mas com anta só se arrhuma
confusão mental! Ah, quantas
dellas se acham “militantas”!
Não as quero no commando!
Eu rhetorica não ando
apprendendo com as antas!

 

 

JURISPRUDENTE PRAGMATISMO

Agora por qualquer coisa se appella
aos foros da Justiça! Pois tambem
eu quero recorrer! Para a querella
chamei meu defensor e lhe fui bem
explicito: um processo contra aquella
selecta Academia que me tem
de fora, quando eu quero estar é nella!

Meresço ou não meresço? Então me vem
o practico advogado e diz na latta:
“Seu Glauco, o senhor nisso não tem nem
a minima chancinha! Causa ingrata,
a sua! Antipathia ganha quem
pleiteia a vaga assim! Imagem chata
terá o senhor na midia! Disso alem…”

Pensando bem, é mesmo: si se tracta
de merito, não fica bem cobrar
na marra a vaga… Ahi que tal bravata
effeito tem contrario! Meu logar
accaba apparescendo sem que eu batta
nas portas do Poder! Nem liminar
compensa requerer! Ninguem me accapta!

Razão tem meu causidico em fallar
sem pappas: “Não, seu Glauco, o senhor mella
de vez sua carreira! Seu azar
de cego ja não basta? Nada bella
é sua fama! Ainda quer queimar
o filme totalmente?” Elle revela
ter tino: grato estou ao lhe pagar.