Queria apenas dizer que gosto muito dos rumos que a Sibila tem percorrido ultimamente. Ao que me parece, os ânimos apaziguaram-se sem perder a pujança, os textos, as traduções, os ensaios me parecem mais incisivos e precisos — o estardalhaço que as últimas matérias têm produzido é dos melhores indicativos disso. Em tempos de deserto, é preciso sim, embora seja desconfortável, denunciar, mostrar, não ignorar o deserto. É preciso fazer o trabalho duro de reclamar, protestar, de analisar o trabalho de artistas ruins. Queria também muito lhe agradecer a publicação do ensaio do Dolhnikoff sobre a obra (negrito meu) de Augusto de Campos A VANGUARDA COMO ESTEREÓTIPO: UMA ANÁLISE DA POESIA DE AUGUSTO DE CAMPOS. Concordo em gênero, número e grau. Sempre compartilhei, de forma tímida, as leituras que o Dolhnikoff fez e faz de poesia e poetas — e, claro, não sem o pavor da crucificação em praça pública brasileira. Além disso, como poeta “visual” (nomenclatura estranha), é verdade: jamais consegui aprender algo de relevante na poesia visual e concreta dos irmãos Campos, apesar de ter tentado fortemente (me sentia obrigado a tal). O estereótipo da vanguarda, o rigor falso, obliterava tudo, e Dolhnikoff está certíssimo em dizer que “Sua obra respiraria melhor livre de seu discurso”. Abraço, Victor Mendes Pena