MARTÍN GUBBINS, 1971, Santiago, Chile. Poeta, editor, artista sonoro e advogado do consumidor e meio-ambiente. Publicou Escalas (México, Ediciones Mangos de Hacha, 2011), Fuentes del Derecho (Santiago, Ediciones Tácitas, 2010), Londres Poems (2001-2003) (Londres, Writers Forum Press, 2010), entre outros. Sua poesia sonora aparece em Bastallaga com Martín Bakero (Santiago-Paris, Acousmantika Sounds, 2011), 30 Diálogossonoros, com John M. Bennett (Columbus Ohio e Santiago de Chile, Luna Bisonte Prods, 2009), Sonidos de escritorio (Santiago, Autoedición, 2008), e En la escuela, com Tomás Varas (Santiago, Alquimia Ediciones, 2007). Sua poesia visual integra Poesia Visual na Avant Writing Collection, da Biblioteca da Universidade de Ohio (EUA) e do Arquivo de Poesia Concreta e Visual Ruth e Marvin Sackner (EUA). Junto com outros poetas e artistas, fundou e dirige o Writers Forum.
Leitura de poesia
Sibila: Você lê poesia?
Gubbins: Sim.
Sibila: Que poesia você lê?
Gubbins: Leio muita poesia chilena e bastante poesia em inglês, porém, procuro sempre encontrar publicações de editoras independentes e obras onde haja experimentos formais quanto ao visual e ao sonoro.
Sibila: Você acha que a leitura de poesia tem algum efeito?
Gubbins: Sim, aprende-se a compor poesia melhor. Mesmo se o que se lê não seja bom, aprende-se igualmente a compor melhor.
Escrita de poesia
Sibila: O que você espera ao escrever poesia?
Gubbins: Desvelar os códigos que estão por trás da linguagem do poder político e econômico, das comunicações e da publicidade; da estética e da poesia convencional.
Sibila: Qual o melhor efeito que você imagina para a prática da poesia?
Gubbins: Que o público se lembre dela quando lê outra coisa, isto é, quando a poesia que teve ocasião de ler lhe serve para entender melhor, para se defender ou tomar as devidas distâncias das formas de linguagem que procuram manipulá-lo em sua própria vida.
Sibila: Você acha que a sua poesia tem interesse público?
Gubbins: Sim, muito, porque a principal arma de controle de nosso tempo é a linguagem. Mais que o dinheiro. Mais que as drogas. Mais que as armas. O poder é linguagem.
Publicação de poesia
Sibila: Qual a melhor suporte para a sua poesia?
Gubbins: Depende de que tipo de poema se trate. Cada poema merece sua própria forma, consequentemente, seu próprio suporte. O que me parece importante é não se fechar a nenhuma forma, a nenhum suporte. A forma e o suporte de um poema são como a justiça: “dar a cada um o que lhe corresponde” [lhe diz respeito]. As receitas pré-definidas e os dogmas não podem fazer justiça a todos os poemas imagináveis.
Sibila: Qual o melhor resultado que você espera da publicação da sua poesia?
Gubbins: Veja-se a resposta acima para “Qual o melhor efeito que você imagina para a prática da poesia?”
Sibila: Qual o melhor leitor de seu livro de poesia?
Gubbins: Depende do tipo da obra. Cada obra é um universo.
Sibila: O que você mais gostaria que acontecesse após a publicação da sua poesia?
Gubbins: Fazer mais poesia.
* * *
Um poema de Martín Gubbins
La pista de un consumidor
Qué
Hago con las
Cosas que
Compro en el
Supermercado
Qué
Hago con
Los vales en vez
Qué
Hago con las
Historias que
Leo en los diarios
Qué es lo que en
Tiendo de las
Noticias e informes
Qué
Hago con los
Lugares que veo
Los
Movimientos que hago
Las
Personas que conozco
Los
Tragos que tomo
Las
Cosas que fumo
Qué
Hago con ellas
Qué en
Tiendo de ellas
Qué
Puedo hacer
Qué
Puedo decir
De los
Recorridos de buses
Qué es lo que en
Tiendo de los
Avisos que veo
Qué
Debo hacer
Qué
Debo decir
Qué
Veo en vez
Dónde
Puedo ir
Cómo
Podría ir
Qué
Hago
Qué es lo que en
Tiendo de mí al tomar las
Ofertas que me hacen
Las
Promociones que encuentro
Qué
Hago con ellas
Me las
Como
Las
Uso
Me las
Pongo
Las
Detesto
Las
Requiero
Me las
Trago
Las
Añoro
Las
Escucho
Las
Congelo
Las
Persigo
Las
Requiebro
Las
Observo
Las
Boto al basurero después de que las
Gasto
Las
Vomito
Me las
Meto
Las
Tomo y las
Apropio
Las
Descarto y las
Desecho
Voy andando por ahí
Trampeando con ellas
Truqueando
Engañanado
Persistentemente
Mordisqueando
Mordiendo
Trotando
Haciendo creer que ellas
Pasan
Soy una rata
Soy un ratón
Tengo orejas largas
Y ojos mentirosos
Mi boca es tan larga
También mi cola
Me carga mi
Cara también
Mi ho
Cico filudio
Lo
Vi tantas veces
Yo
Correteo
Yo
Que escurro
Lo odiaré coo lo he hecho
Soy una rata
Soy un ratón
Me escondo en mi co
Vacha
Debo callar la
Boca
Me tengo que en
Cerrar
Conheça o website de Gubbins.
* * *
Leitura de poesia
Sibila: Você lê poesia?
Gubbins: Si.
Sibila: Que poesia você lê?
Gubbins: Leo mucha poesía chilena y bastante poesía en inglés, pero siempre intentando encontrar publicaciones de editoriales independientes y obras donde hayan experimentaciones formales hacia lo visual o lo sonoro.
Sibila: Você acha que a leitura de poesia tem algum efeito?
Gubbins: Si, se aprende a componer mejor poesía, aunque lo que se lea no sea bueno, igual se aprende a componer mejor.
Escrita de poesia
Sibila: O que você espera ao escrever poesia?
Gubbins: Develar los códigos tras el lenguaje del poder político y económico, de las comunicaciones y la publicidad; de la estética y de la poesía convencional.
Sibila: Qual o melhor efeito que você imagina para a prática da poesia?
Gubbins: Que el público la recuerde cuando lee u oye otra cosa, es decir, cuando la poesía que leyó le sirva para entender mejor, defenderse o tomar distancia de formas de lenguaje que en su propia vida busquen manipularlo.
Sibila: Você acha que a sua poesia tem interesse público?
Gubbins: Si, mucho, porque la principal arma de control en nuestros tiempos es el lenguaje. Más que el dinero. Más que las drogas. Más que las armas. El poder es lenguaje.
Publicação de poesia
Sibila: Qual a melhor suporte para a sua poesia?
Gubbins: Depende del poema de que se trate. Cada poema merece su propia forma y por tanto su propio soporte. Lo que me parece importante es no cerrarse a ninguna forma y a ningún soporte. La forma y el soporte de un poema son como la justicia: “dar a cada uno lo que le corresponde”. Las recetas predefinidas y los dogmas no pueden hacerle justicia a todos los poemas imaginables.
Sibila: Qual o melhor resultado que você espera da publicação da sua poesia?
Gubbins: Ver respuesta de “Qual o melhor efeito que você imagina para a prática da poesia?”
Sibila: Qual o melhor leitor de seu livro de poesia?
Gubbins: Depende de qué obra se trate. Cada una es un universo.
Sibila: O que você mais gostaria que acontecesse após a publicação da sua poesia?
Gubbins: Hacer mas poesía.
* * *
Leia a série completa
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Etel Adnan
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- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Omid Shams
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- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Nanni Balestrini
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- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Marco Giovenale
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Liliane Giraudon
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Eduardo Milán
- Sibila, Lugares contemporâneos da poesia: Zeyar Lynn
Lugares contemporâneos da poesia
Concepção do projeto: Alcir Pécora e Régis Bonvicino
Texto introdutório: Alcir Pécora
Realização: Régis Bonvicino, com a colaboração de Aurora Bernardini e Charles Bernstein
Há reiterados momentos do contemporâneo em que a prática da poesia se parece exatamente apenas uma prática, uma empiria, uma rotina. Faz-se poesia porque poesia é feita. Edita-se poesia porque livros de poesia são editados e foram editados. Por que não continuar editando-os?
Mas qual o significado da arte, quando a arte se reduz a empiria, procedimento habitual que não problematiza os seus meios? Que deixa de inventar os seus próprios fins? Que não desconfia de sua forma conhecida, nem arrisca um lance contra si, inconformada?
Para tentar saber o que pensam a respeito da poesia que produzem alguns dos mais destacados poetas estrangeiros em ação hoje, a Revista Sibila propôs-lhes algumas perguntas simples, primitivas até – silly questions! –, cujo escopo principal é deixar de tomar como naturais ou óbvios os automatismos da prática.
Trata-se de saber dos poetas, da maneira mais direta possível, o que ainda os move a ler, a escrever e a lançar um livro de poesia – ou, mais genericamente, a publicar poesia, seja qual for o suporte.
A condição de, por ora, ouvir apenas os estrangeiros é estratégica aqui. Convém evitar respostas que possam ser neutralizadas a priori por posicionamentos desconfiados de vizinhança.
Leitura de poesia, esforço de poesia e publicação de poesia: nada disso é compulsório, nada disso se explica de antemão. Tudo o que se faz, nesse domínio, é fruto de exigência apenas imaginária. Nada obriga, a não ser a obrigação que se inventa para si.
A revista Sibila quer saber que invenção é essa. Ou seja: o que os poetas ainda podem imaginar para a prática que os define como poetas.
Contemporary places for poetry
There are plenty of moments in our current life when the practice of poetry seems exactly a practice, something empirical, a kind of routine. One makes poetry because poetry has been made. One publishes poetry because books of poetry are published and were published, why not going on publishing them?
But what meaning does art have when art is reduced to empiricism, the habitual procedure which doesn’t discuss its means? Which doesn’t any longer make up its own aims? Which is not suspicious of its usual form, nor runs the risk of a move against itself, unresigned?
Trying to know what some of the most distinguished foreign poets in action today think about their own poetry, Sibila proposed some very simple questions, some naïve questions – silly questions! –, whose principal aim is no longer to consider as natural ( as obvious) the automatisms of the poetical practice.
Sibila asks the poets to tell in the more direct way what still moves them to read, to write, to publish a book of poetry – or, more generically, to publish poetry, in whatever support.
The choice, for the moment, to listen only to foreign poets’ voice is a strategic one. It’s better to avoid answers which would be neutralized a priori, due to suspicious neighbourly attitudes.
Reading poetry, straining to write poetry, publishing poetry: not at all compulsory, all this, not at all explainable in advance. Everything you do in this domain is the result of mere imaginary exacting. Nothing obliges you, unless the obligation you invent yourself, for yourself. Sibila wants to know what kind of invention is that. Id est: what poets may still make up for the practice which defines them as poets.