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Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Nanni Balestrini

NANNI BALESTRINI é um dos maiores autores europeus. Poeta, romancista e artista plástico, Nanni Balestrini nasceu em 1935, em Milão. Hoje, vive entre Roma e Paris. É um dos fundadores do Gruppo 63, que lançou os poetas Novíssimi no panorama italiano, no início dos anos 1960. Foi editor da Feltrinelli, uma das mais importantes casas editoriais da Itália. Publicou uma dúzia de livros de poesia, entre eles La aventure complete della signorina Richamond (Testo & Imago, 1999) e Sfinimondo (Bibliopolis, 2004). Igualmente, publicou uma dúzia de romances experimentais, entre eles Vogliamo tutto (Feltrinelli, 1971), Gli invisibili (Bompiani, 1987) I furiosi (Bompiani, 1994), sobre torcedores de futebol, e, o mais recente, Sandokan, storia di camorra (Einaudi, 2004). Como artista plástico expôs em inúmeras galerias da Europa. Neste âmbito, publicou a coletânea Paesaggi Verbale, com prefácios e textos de Umberto Eco, Achille Bonito Oliva e Paul Virilio (Galeria Mazzoli, Modena, 2002).

Leitura de poesia

Sibila: Você lê poesia?

Balestrini: Sim, sou poeta e leio sempre muita poesia. Penso que para quem escreve seja importante, ou melhor, necessário, estar continuamente em contato com a obra dos poetas que o precederam e também com os que lhe são contemporâneos.

Sibila: Que poesia você lê?

Balestrini: Qualquer tipo de poesia, a dos autores amados, que se deseja sempre reler. e a de poetas novos que informam da vida atual da grande família da poesia.

Sibila: Você acha que a leitura de poesia tem algum efeito?

Balestrini: Para um poeta, a leitura de poesia é um nutrimento vital, para um leitor assíduo ou mesmo ocasional deveria ser um momento mágico, um êxtase que, através das palavras, abre aos mistérios profundos da vida.

Escrita de poesia

Sibila: O que você espera ao escrever poesia?

Balestrini: Em primeiro lugar, espero estar satisfeito com aquilo que eu fiz, e, depois, que possa encontrar leitores que amem a poesia que escrevo.

Sibila: Qual o melhor efeito que você imagina para a prática da poesia?

Balestrini: Fazer poesia significa operar [atuar] sobre a linguagem além de seu uso habitual enquanto instrumento de comunicação, para que dela saiam emoções mentais inéditas e profundas.

Sibila: Você acha que a sua poesia tem interesse público?

Balestrini: Infelizmente, o interesse é limitado, uma vez que não é suficientemente despertado nas mentes jovens, sobretudo na idade escolar.

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Publicação de poesia

Sibila: Qual o melhor suporte para a sua poesia?

Balestrini: A voz, certamente, e depois o livro que a conserva e a difunde.

Sibila: Qual o melhor resultado que você espera da publicação da sua poesia?

Balestrini: Naturalmente, ter leitores que se apaixonem e, quem sabe, descubram uma parte de si próprios que não conheciam.

Sibila: Qual o melhor leitor de seu livro de poesia?

Balestrini: Aquele que acompanha meu trabalho, em suas diversas fases.

Sibila: O que você mais gostaria que acontecesse após a publicação da sua poesia?

Balestrini: Que alguém aconselhasse sua leitura a alguém mais.

*   *   *

Lettura di poesia

Sibila: Lei ha l’ abitudine di leggere poesia?

Balestrini: Sì, sono poeta e leggo sempre molta poesia. Penso che per chi ne scrive sia importante, anzi necesssario, essere continuamente in contatto con l’opera dei poeti che l’hanno preceduto e anche di quelli che gli sono contemporanei.

Sibila: Che tipo di poesia?

Balestrini: Ogni genere di poesia, quella degli autori amati che si desiderano sempre rileggere, e quella di nuovi poeti che informano della vita attuale della grande famiglia della poesia.

Sibila: Le sembra che la lettura di poesia produca qualche effetto?

Balestrini: Per un poeta è un nutrimento vitale, per un lettore abituario o saltuario dovrebbe essere un momento magico, un’estasi che attraverso le parole apre ai misteri profondi della vita.

Scrittura di poesia

Sibila: Cosa si aspetta dalla poesia che scrive?

Balestrini: Mi aspetto in primo luogo di essere soddisfatto di quello che ho fatto, e poi che possa incontrare lettori che la amino.

Sibila: Quale è, secondo lei, il miglior effetto che si ottiene dalla pratica della poesia?

Balestrini: Fare poesia consiste nell’operare sul linguaggio al di là del suo abituale uso come strumento di comunicazione, per farne uscire emozioni mentali inedite e profonde.

Sibila: Crede che la sua poesia abbia un interesse pubblico?

Balestrini: Purtroppo limitato perché non viene abbastanza diffuso nelle nelle giovani menti, sopratutto durante l’ età scolastica.

Pubblicazione di poesia

Sibila: Quale considera Il migliore supporto per la sua poesia?

Balestrini: La voce certamente, e poi il libro che la conserva e la diffonde.

Sibila: Quale è il miglior risultato che si aspetta dalla pubblicazione della sua poesia?

Balestrini: Naturalmente avere dei lettori che si appassionano e magari scoprono una parte di se stessi che non conoscevano.

Sibila: Quale è il miglior lettore del suo libro di poesia?

Balestrini: Quello che segue il mio lavoro, nelle sue diverse fasi.

Sibila: Cosa le piacerebbe di più che succedesse dopo la pubblicazione della sua poesia?

Balestrini: Che qualcuno ne consigliasse a altri la lettura.

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Lugares contemporâneos da poesia

Concepção do projeto: Alcir Pécora e Régis Bonvicino
Texto introdutório: Alcir Pécora
Realização: Régis Bonvicino, com a colaboração de Aurora Bernardini e Charles Bernstein

Há reiterados momentos do contemporâneo em que a prática da poesia se parece exatamente apenas uma prática, uma empiria, uma rotina. Faz-se poesia porque poesia é feita. Edita-se poesia porque livros de poesia são editados e foram editados. Por que não continuar editando-os?

Mas qual o significado da arte, quando a arte se reduz a empiria, procedimento habitual que não problematiza os seus meios? Que deixa de inventar os seus próprios fins? Que não desconfia de sua forma conhecida, nem arrisca um lance contra si, inconformada?

Para tentar saber o que pensam a respeito da poesia que produzem alguns dos mais destacados poetas estrangeiros em ação hoje, a Revista Sibila propôs-lhes algumas perguntas simples, primitivas até – silly questions! –, cujo escopo principal é deixar de tomar como naturais ou óbvios os automatismos da prática.

Trata-se de saber dos poetas, da maneira mais direta possível, o que ainda os move a ler, a escrever e a lançar um livro de poesia – ou, mais genericamente, a publicar poesia, seja qual for o suporte.

A condição de, por ora, ouvir apenas os estrangeiros é estratégica aqui. Convém evitar respostas que possam ser neutralizadas a priori por posicionamentos desconfiados de vizinhança.

Leitura de poesia, esforço de poesia e publicação de poesia: nada disso é compulsório, nada disso se explica de antemão. Tudo o que se faz, nesse domínio, é fruto de exigência apenas imaginária. Nada obriga, a não ser a obrigação que se inventa para si.

A revista Sibila quer saber que invenção é essa. Ou seja: o que os poetas ainda podem imaginar para a prática que os define como poetas.

Contemporary places for poetry

There are plenty of moments in our current life when the practice of poetry seems exactly a practice, something empirical, a kind of routine. One makes poetry because poetry has been made. One publishes poetry because books of poetry are published and were published, why not going on publishing them?

But what meaning does art have when art is reduced to empiricism, the habitual procedure which doesn’t discuss its means? Which doesn’t any longer make up its own aims? Which is not suspicious of its usual form, nor runs the risk of a move against itself, unresigned?

Trying to know what some of the most distinguished foreign poets in action today think about their own poetry, Sibila proposed some very simple questions, some naïve questions – silly questions! –, whose principal aim is no longer to consider as natural ( as obvious) the automatisms of the poetical practice.

Sibila asks the poets to tell in the more direct way what still moves them to read, to write, to publish a book of poetry – or, more generically, to publish poetry, in whatever support.

The choice, for the moment, to listen only to foreign poets’ voice is a strategic one. It’s better to avoid answers which would be neutralized a priori, due to suspicious neighbourly attitudes.

Reading poetry, straining to write poetry, publishing poetry: not at all compulsory, all this, not at all explainable in advance. Everything you do in this domain is the result of mere imaginary exacting. Nothing obliges you, unless the obligation you invent yourself, for yourself. Sibila wants to know what kind of invention is that. Id est: what poets may still make up for the practice which defines them as poets.


 Sobre Nanni Balestrini

É um dos maiores autores europeus. Poeta, romancista e artista plástico, Nanni Balestrini nasceu em 1935, em Milão. Hoje, vive entre Roma e Paris. É um dos fundadores do Gruppo 63, que lançou os poetas Novíssimi no panorama italiano, no início dos anos 1960. Foi editor da Feltrinelli, uma das mais importantes casas editoriais da Itália. Publicou uma dúzia de livros de poesia, entre eles La aventure complete della signorina Richamond (Testo & Imago, 1999) e Sfinimondo (Bibliopolis, 2004). Igualmente, publicou uma dúzia de romances experimentais, entre eles Vogliamo tutto (Feltrinelli, 1971), Gli invisibili (Bompiani, 1987) I furiosi (Bompiani, 1994), sobre torcedores de futebol, e, o mais recente, Sandokan, storia di camorra (Einaudi, 2004). Como artista plástico expôs em inúmeras galerias da Europa. Neste âmbito, publicou a coletânea Paesaggi Verbale, com prefácios e textos de Umberto Eco, Achille Bonito Oliva e Paul Virilio (Galeria Mazzoli, Modena, 2002).