Roger Santiváñez nasceu em Piura, em 1956. Cursou Artes Liberais e Ciências da Informação na Universidade de Piura. Obteve o bacharelado em Literatura pela Universidade Nacional Maior de San Marcos. Publicou os seguintes livros de poesia: Antes de la muerte (1979), Homenaje para iniciados (1984), El chico que se declaraba con la mirada (1988), Symbol (1991), Cor cordium (1995), Santa María (2002), Eucaristía (2004), Dolores Morales de Santiváñez (Selección de poesía 1975 – 2005) e Amastris (2007). E de prosa: Santísima Trinidad (1997), Historia francórum (2000) e El Corazón Zanahoria (2002).
Fez parte dos grupos literários La Sagrada Familia (1977-1979), Hora Zero (1980-1981), Movimiento Kloaka (1982-1984) e Comité Killka (1989-1990). Desde 2001 estuda e trabalha no Temple University, Filadelfia, USA, onde atualmente termina um doutorado em literatura latino-americana.
Cf.: http://roysantivanez.blogspot.com.br/.
Com uma epígrafe do velho viola [rufião], meu amigo inconfessável:
His true Penelope
Was Flaubert
And his tool
The engraver’s
Firmness
Not the full smile
His art, but an art
In profile
Pound
LEITURA DE POESIA
Sibila: Você lê poesia?
Santiváñez: Sim, leio poesia e a leio em voz alta. Agrada-me escutar-me em poesia.
Sibila: Que poesia você lê?
Santiváñez: Leio poesia. Pura poesia. Poesia pura. Poesia impura. Impokiro. Eliot. Lezama Lima. Vallejo.
Sibila: Você acha que a leitura de poesia tem algum efeito?
Santiváñez: Ler poesia não tem nenhum efeito, a não ser sorrir & chorar pela experiência absurda e solitária que é nossa vida diária, no meio do verão mais lindo desses Quinze. O efeito da poesia é secreto e nada, apenas morte e tempo. Tempo recuperado em janelinhas de correntinhas de Santa Rosa de Lima, a menina rosa rosa chola. Shola. Sozinha E comigo.
ESCRITA DE POESIA
Sibila: O que você espera ao escrever poesia?
Santiváñez: Não espero nanay nanay que [nada de nada, a não ser] Bertha. Não se pode esperar nada de nada nem de ninguém, este é meu lema: a grande solidão do poeta. Posso esperar beleza com a poesia.
Sibila: Qual o melhor efeito que você imagina para a prática da poesia?
Santiváñez: Da poesia não se obtém efeito algum, a não ser apenas resultados azuis, cheios de poluição urbana em New York. Ou seja, a beleza no horrível e terrível. Beleza na beleza das belas fúrias noturnas rueiras, negras e brancas, latinas, frangas vagando pelas bordas concêntricas de meu coração.
Sibila: Você acha que a sua poesia tem interesse público?
Santiváñez: Minha poesia possui o interesse público de não ser público, mas privado, absolutamente restrito a uns poucos iniciados na arte da poesia. Mesmo assim, somos públicos de qualquer maneira, a poesia é pública pois ela é de todos. E também é púbica. A poesia deve ser feita por todos, diz Lautreamont em um folheto de A mão de recitais da Hora Zero, na Biblioteca Nacional de Lima, 1971.
PUBLICAÇÃO DE POESIA
Sibila: Qual o melhor suporte para a sua poesia?
Santiváñez: O melhor suporte para minha poesia é o papel em que escrevo e a tela onde vejo o que escrevo.
Sibila: Qual o melhor resultado que você espera da publicação da sua poesia?
Santiváñez: O melhor resultado que espero da publicação de minha poesia é que alguém a leia e aproveite.
Sibila: Qual o melhor leitor de seu livro de poesia?
Santiváñez: Não existe o melhor leitor: são todos ou ninguém, ou talvez haja uma mulher, em especial, a de quem eu gosto. Um poema só existe – na realidade – quando alguém o lê, sustenta certa crítica. Claro: assim se fecha o ciclo da criação, a enunciação e a comunicação. O famoso Carré Semiotique.
Sibila: O que você mais gostaria que acontecesse após a publicação da sua poesia?
Santiváñez: Depois da publicação de meus poemas, gostaria de fazer filmes, audiovisuais em poesia. Gostaria de ser lido, compreendido e amado, como disse Garcia Márquez. Porém, isto já não é minha alçada. É coisa de outrem. E aqui vai uma citação do grande Washington Delgado: A terra é grande e infinita, quando os homens se juntam.
Concordo que atualmente se publica poesia sem nenhuma crítica ao conceito que – habitualmente – se diz que é poesia. E isso tudo sem nenhum risco. A poesia é viver na margem, senão a poesia não existe. Isso quer dizer que ser poeta significa assumir uma busca intensa e permanente na linguagem. Quer dizer, uma exploração sem nenhuma retórica do que está mais além. Mais além de todas as linguagens estabelecidas. E – definitivamente – fruto de uma exigência da imaginação que deve ser r-a-d-i-c-a-l.
Roger Santiváñez
25 de junho de 2015, ao lado do ensolarado rio Cooper – sul de New Jersey
Con un epígrafe del viejo fioca, mi amigo inconfesable:
His true Penelope
Was Flaubert
And his tool
The engraver’s
Firmness
Not the full smile
His art, but an art
In profile
Pound
LECTURA DE POESÍA
Sibila: ¿Usted lee poesía?
Santiváñez: Sí, yo leo poesía y la leo en voz alta. Me gusta escucharme en poesía.
Sibila: ¿Qué poesía lee?
Santiváñez: Leo poesía. Pura poesía. Poesía Pura. Poesía impura. Impokiro. Eliot. Lezama Lima. Vallejo.
Sibila: ¿Leer poesía tiene algún efecto?
Santiváñez: Leer poesía no tiene ningun efecto salvo sonreir & llorar a la experiencia absurda y solitaria que es nuestra vida diaria, en medio del verano más lindo de estos Quinces. El efecto de la poesía es secreto y nada, sólo muerte y tiempo. Tiempo recobrado en ventanillas de cadenillas de Santa Rosa de Lima, la chola rosa rosa chola. Shola. Sola. Y conmigo.
ESCRITURA DE POESÍA
Sibila: ¿Qué espera usted al escribir poesía?
Santiváñez: No espero nanay nanay que Bertha. No se puede esperar nada de nada ni de nadie, esa es mi consigna: la gran soledad del poeta. Puedo esperar belleza con la poesía.
Sibila: ¿Cuál sería el mejor efecto que puede uno obtener de la práctica de poesía?
Santiváñez: De la poesía no se obtiene ningun efecto, sino sólo resultados azules llenos de polución urbana en New York. O sea, belleza en lo horrible y terrible. Belleza en la belleza de las bellas furias nocturnas callejeras.negras y blancas latinas pitas vagando por los bordes concéntricos de mi corazón.
Sibila: ¿Su poesía tiene interés público?
Santiváñez: Mi poesía tiene el interés público de no ser público sino privado, absolutamente cerrado a unos pocos iniciados en el arte de la poesía. Somos públicos de todos modos, la poesía es púbica, porque es de todos. Y es púbica también. La poesía debe ser hecha por todos, dice Lautreamont en un volante de La mano de recitales de Hora Zero en la Biblioteca Nacional de Lima, 1971.
PUBLICACIÓN DE POESÍA
Sibila: ¿Cuál es el mejor soporte para su poesía?
Santiváñez: El mejor soporte para mi poesía es el papel en el que escribo y la pantalla donde miro lo que escribo.
Sibila: ¿Cuál es el mejor resultado que espera de la publicación de su poesía?
Santiváñez: El mejor resultado que espero de la publicación de mi poesía es que alguien la lea y la disfrute.
Sibila: ¿Quién sería el mejor lector de sus libros de poesía?
El mejor lector no existe: son todos y ninguno, o quiza haya una mujer en especial que a mí me gusta. Un poema sólo existe – en realidad – cuando alguien lo lee, sostiene cierta crítica. Claro: se cierra el ciclo de la creación, la enunciacion y la comunicación. El famoso Carré Semiotík.
Sibila: ¿Qué es lo que más le gustaría que sucediera después de la publicación de su poesía?
Santiváñez: Después de la publicación de mi poesía me gustaría hacer películas, videos, audio-visuales en poesía. Me gustaría ser leído, comprendido y amado, como dijo García Márquez. Pero eso ya no está en mi campo. Es cosa de los demás. Y aquí una cita del gran Washington Delgado: La tierra es ancha e infinita cuando los hombres se juntan.
De acuerdo en que actualmente se publica poesia sin ninguna crítica al concepto de aquello que se dice – consuetudinariamente – es poesía. Y todo esto sin ningún riesgo. La poesía es vivir en el borde, sino no hay poesía. De modo que ser poeta signfica asumir una búsqueda intensa y permanente en el lenguaje. Es decir, una exploración sin ninguna retórica de lo que está más allá. Más allá de todos los lenguajes establecidos. Y –definitivamente – ‘fruto de una exigencia de la imaginación’ que debe ser r-a-d-i-c-a-l.
Roger Santiváñez
25 de junio de 2015, junto al soleado río Cooper, sul de New Jersey
Lugares contemporâneos da poesia
Concepção do projeto: Alcir Pécora e Régis Bonvicino
Texto introdutório: Alcir Pécora
Realização: Régis Bonvicino, com a colaboração de Aurora Bernardini e Charles Bernstein
Há reiterados momentos do contemporâneo em que a prática da poesia se parece exatamente apenas uma prática, uma empiria, uma rotina. Faz-se poesia porque poesia é feita. Edita-se poesia porque livros de poesia são editados e foram editados. Por que não continuar editando-os?
Mas qual o significado da arte, quando a arte se reduz a empiria, procedimento habitual que não problematiza os seus meios? Que deixa de inventar os seus próprios fins? Que não desconfia de sua forma conhecida, nem arrisca um lance contra si, inconformada?
Para tentar saber o que pensam a respeito da poesia que produzem alguns dos mais destacados poetas estrangeiros em ação hoje, a revista Sibila propôs-lhes algumas perguntas simples, primitivas até – silly questions! –, cujo escopo principal é deixar de tomar como naturais ou óbvios os automatismos da prática.
Trata-se de saber dos poetas, da maneira mais direta possível, o que ainda os move a ler, a escrever e a lançar um livro de poesia – ou, mais genericamente, a publicar poesia, seja qual for o suporte.
A condição de, por ora, ouvir apenas os estrangeiros é estratégica aqui. Convém evitar respostas que possam ser neutralizadas a priori por posicionamentos desconfiados de vizinhança.
Leitura de poesia, esforço de poesia e publicação de poesia: nada disso é compulsório, nada disso se explica de antemão. Tudo o que se faz, nesse domínio, é fruto de exigência apenas imaginária. Nada obriga, a não ser a obrigação que se inventa para si. A revista Sibila quer saber que invenção é essa. Ou seja: o que os poetas ainda podem imaginar para a prática que os define como poetas.
Contemporary places for poetry
There are plenty of moments in our current life when the practice of poetry seems exactly a practice, something empirical, a kind of routine. One makes poetry because poetry has been made. One publishes poetry because books of poetry are published and were published, why not going on publishing them?
But what meaning does art have when art is reduced to empiricism, the habitual procedure which doesn’t discuss its means? Which doesn’t any longer make up its own aims? Which is not suspicious of its usual form, nor runs the risk of a move against itself, unresigned?
Trying to know what some of the most distinguished foreign poets in action today think about their own poetry, Sibila proposed some very simple questions, some naïve questions – silly questions! –, whose principal aim is no longer to consider as natural (as obvious) the automatisms of the poetical practice.
Sibila asks the poets to tell in the more direct way what still moves them to read, to write, to publish a book of poetry – or, more generically, to publish poetry, in whatever support.
The choice, for the moment, to listen only to foreign poets’ voice is a strategic one. It’s better to avoid answers which would be neutralized a priori, due to suspicious neighbourly attitudes.
Reading poetry, straining to write poetry, publishing poetry: not at all compulsory, all this, not at all explainable in advance. Everything you do in this domain is the result of mere imaginary exacting. Nothing obliges you, unless the obligation you invent yourself, for yourself. Sibila wants to know what kind of invention is that. Id est: what poets may still make up for the practice which defines them as poets.
* * *
Leia a série completa
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Etel Adnan
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Pascal Poyet
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Omid Shams
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Hu Xudong
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Vivek Narayanan
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Vincent Broqua
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Roger Santiváñez
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: François Luong
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Mercedes Roffé
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Iván Humanes
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Thérèse Bachand
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Enrique Winter
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Fernando Escobar Páez
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Carlo Bordini
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Ko Ko Thett
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Norbert Lange
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Douglas Messerli
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Fernando Aguiar
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Zhang Er
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Alberte Momán
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- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Paula Claire
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Michel Deguy
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Abreu Paxe
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Jennifer Scappettone
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Viacheslav Kupriianov
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Rery Maldonado
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Cristino Bogado
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Charles Bernstein
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Tarássik Petritchenka
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Tina Quintana
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Felipe Cussen
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: John Yau
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Martín Gubbins
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Yu Jian
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Jean-Marie Gleize
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Jean-Jacques Viton
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Maggie O’Sullivan
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Paul Hoover
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Nanni Balestrini
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Yi Sha
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Marco Giovenale
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Liliane Giraudon
- Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Eduardo Milán
- Sibila, Lugares contemporâneos da poesia: Zeyar Lynn
Lugares contemporâneos da poesia
Concepção do projeto: Alcir Pécora e Régis Bonvicino
Texto introdutório: Alcir Pécora
Realização: Régis Bonvicino, com a colaboração de Aurora Bernardini e Charles Bernstein
Há reiterados momentos do contemporâneo em que a prática da poesia se parece exatamente apenas uma prática, uma empiria, uma rotina. Faz-se poesia porque poesia é feita. Edita-se poesia porque livros de poesia são editados e foram editados. Por que não continuar editando-os?
Mas qual o significado da arte, quando a arte se reduz a empiria, procedimento habitual que não problematiza os seus meios? Que deixa de inventar os seus próprios fins? Que não desconfia de sua forma conhecida, nem arrisca um lance contra si, inconformada?
Para tentar saber o que pensam a respeito da poesia que produzem alguns dos mais destacados poetas estrangeiros em ação hoje, a Revista Sibila propôs-lhes algumas perguntas simples, primitivas até – silly questions! –, cujo escopo principal é deixar de tomar como naturais ou óbvios os automatismos da prática.
Trata-se de saber dos poetas, da maneira mais direta possível, o que ainda os move a ler, a escrever e a lançar um livro de poesia – ou, mais genericamente, a publicar poesia, seja qual for o suporte.
A condição de, por ora, ouvir apenas os estrangeiros é estratégica aqui. Convém evitar respostas que possam ser neutralizadas a priori por posicionamentos desconfiados de vizinhança.
Leitura de poesia, esforço de poesia e publicação de poesia: nada disso é compulsório, nada disso se explica de antemão. Tudo o que se faz, nesse domínio, é fruto de exigência apenas imaginária. Nada obriga, a não ser a obrigação que se inventa para si.
A revista Sibila quer saber que invenção é essa. Ou seja: o que os poetas ainda podem imaginar para a prática que os define como poetas.
Contemporary places for poetry
There are plenty of moments in our current life when the practice of poetry seems exactly a practice, something empirical, a kind of routine. One makes poetry because poetry has been made. One publishes poetry because books of poetry are published and were published, why not going on publishing them?
But what meaning does art have when art is reduced to empiricism, the habitual procedure which doesn’t discuss its means? Which doesn’t any longer make up its own aims? Which is not suspicious of its usual form, nor runs the risk of a move against itself, unresigned?
Trying to know what some of the most distinguished foreign poets in action today think about their own poetry, Sibila proposed some very simple questions, some naïve questions – silly questions! –, whose principal aim is no longer to consider as natural ( as obvious) the automatisms of the poetical practice.
Sibila asks the poets to tell in the more direct way what still moves them to read, to write, to publish a book of poetry – or, more generically, to publish poetry, in whatever support.
The choice, for the moment, to listen only to foreign poets’ voice is a strategic one. It’s better to avoid answers which would be neutralized a priori, due to suspicious neighbourly attitudes.
Reading poetry, straining to write poetry, publishing poetry: not at all compulsory, all this, not at all explainable in advance. Everything you do in this domain is the result of mere imaginary exacting. Nothing obliges you, unless the obligation you invent yourself, for yourself. Sibila wants to know what kind of invention is that. Id est: what poets may still make up for the practice which defines them as poets.