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Sibila, lugares contemporâneos da poesia: Daniel Freidemberg

Daniel Freidemberg (Resistencia, provincia del Chaco, 1945) é poeta, crítico, ensaísta e periodista argentino.

Dos anos 1970 a 80, integrou o Partido Comunista. Trabalhou como operário em fábricas, estudou Psicologia e Teatro. Em 1970, fundou a oficina literária Mario Jorge De Lellis, na Sociedad Argentina de Escritores, que passou a funcionar na Sociedad Argentina de Artistas Plásticos, a Galería Meridiana e a Casa Latinoamericana.

Em 1972, publicou Los que siguen, con Lucina Alvarez, Guillermo Boido, Guillermo Martínez Yantorno, Armando Najmanovich, Rubén Reches, Jorge Ricardo Aulicino e Manuel Ruano (Ediciones Noé). Integrou o grupo fundador da revista literária El Juguete Rabioso, dirigida por Jorge Aulicino e da qual foi editor. E em 1986 foi do grupo fundador da revista Diario de Poesía, tendo participado de seu conselho editorial até 2005. Dirige a coleção de poesia Musarisca, do Editorial Colihue (Buenos Aires).

Obra poética: Blues del que vuelve solo a casa, Buenos Aires, El Escarabajo de Oro, 1973; Diario en la crisis, Buenos Aires, Libros de Tierra Firme, 1986, 2ª edición: 1990; Lo espeso real, Buenos Aires, Libros de Tierra Firme, 1996; La sonatita que haga fondo al caos (antología personal), Red Internacional del Libro de Santiago de Chile, 1998; Cantos en la mañana vil, Buenos Aires, Paradiso, 2001; Noviembre (Plaquette), Buenos Aires, Zorra Poesía, 2006; En la resaca, Buenos Aires, Paradiso, 2007; Sonidos de una fiesta ajena (antología personal), Buenos Aires, Ruinas circulares, 2012.

Cf.: http://www.ecured.cu/Daniel_Freidemberg.

http://www.bn.gov.ar/abanico/autor/freidemberg-daniel.

LEITURA DE POESIA

Sibila: Você lê poesia?
Freidemberg: Sim, leio poesia praticamente todos os dias.

Sibila: Que poesia você lê?
Freidemberg: Leio a poesia que encontro nos sites da internet ou no Facebook, nos livros e nas revistas que compro ou que recebo de presente, a que está nos livros e nas revistas de minha biblioteca, à qual tenho que voltar em certas ocasiões, como quem “recarrega suas pilhas” ou reencontra algo importante, e a que tenho que ler por meu trabalho. Isso quer dizer que leio poesia por razões muito diversas e que nem tudo o que leio tem a mesma importância.

Sibila: Você acha que a leitura de poesia tem algum efeito?
Freidemberg: Para algumas pessoas ler poesia não tem nenhum efeito (embora, provavelmente, esse “ler poesia” delas não seja realmente ler, mas passar os olhos pelas palavras ou informar-se), em outras, sim, tem efeito, e tenho certeza de que são efeitos muito diferentes, segundo quem lê e para que lê poesia. No meu caso, quando se trata de poesia que realmente me importa, ela me desperta, me anima, me faz sentir vivo. Tira-me da letargia em que me afunda a vida cotidiana e abre espaço para o voo da inteligência, para a sensibilidade, para a imaginação. Permite que eu exerça minhas melhores capacidades, e para desfrutá-las.

ESCRITA DE POESIA

Sibila: O que você espera ao escrever poesia?
Freidemberg: Antes de mais nada, espero, ou desejo, realizar um bom poema, um poema que mereça existir. Que importe por si mesmo.

Sibila: Qual o melhor efeito que você imagina para a prática da poesia?
Freidemberg: Um efeito que poderia advir da prática da poesia poderia ser o de ganhar dinheiro; outro, conseguir fama ou prestígio, amizades, amores. Porém, o melhor efeito que se pode obter da prática da poesia é, por um lado, a satisfação de saber que se conseguiu produzir algo de bom, que não se é simplesmente um a mais nesse mundo e, por outro lado, descobrir em algumas ocasiões, não muito frequentes, que alguém teve uma experiência importante ao ler o poema que se escreveu. Se alguém ler meu poema e mudar sua vida, nem que seja um pouco, a satisfação é suprema.

E também se eu ficar sabendo que pude ajudar alguém, com minha poesia, a ver ou a perceber de modo diferente as coisas, ou sua vida, ou a si mesmo.

Sibila: Você acha que a sua poesia tem interesse público?
Freidemberg: Não entendo bem a pergunta. Em geral, a poesia não constitui parte do interesse público em nenhuma parte do mundo, mas não sei se é isso que estão perguntando. Se o que querem saber é se existe uma quantidade relativamente grande de pessoas que se interessa por minha poesia, parece que não, embora às vezes tenha indícios de que não faltam interessados.

PUBLICAÇÃO DE POESIA

Sibila: Qual o melhor suporte para a sua poesia?
Freidemberg: O melhor suporte para minha poesia é o livro, em papel, bem encadernado e bem impresso, e, se possível, em papel de qualidade.

Sibila: Qual o melhor resultado que você espera da publicação da sua poesia?
Freidemberg: Quanto ao melhor resultado que espero da publicação de minha poesia, creio já haver respondido na resposta 5.

Sibila: Qual o melhor leitor de seu livro de poesia?
Freidemberg: O melhor leitor de meus livros de poesia é alguém que goste de saborear o contato com as palavras, que lhes peça que não se limitem a dizer o que dizem literalmente, que sinta prazer em pôr a trabalhar a inteligência e a imaginação, que não dê nada por assentado, que não espere confirmar nada do que pensa, que esteja muito disposto a surpreender-se e a viver o desconcerto, que queira tanto descobrir algo novo quanto libertar-se de certezas, que aspire a uma relação com o mundo livre de qualquer programação, mesmo que isso não seja possível.

Que seja capaz de comover-se, sem necessidade de golpes baixos ou de espetacularização, que não procure na poesia o substituto das satisfações que lhe faltam na vida.

Sibila: O que você mais gostaria que acontecesse após a publicação da sua poesia?
Freidemberg: Gostaria de chegar a uma boa quantidade de leitores, ou – ao menos – a alguns. Isso, dentro do possível. Fora disso, é claro que também gostaria de ganhar o Prêmio Nobel ou o Cervantes, ou de ser convidado a ler poemas ou a dar palestras em muitos países, e ganhar bastante dinheiro, se não tivesse – para tanto – que adequar minha poesia ao gosto de um ou outro mercado, um ou outro editor, uma ou outra tendência da moda. Enfim, sonhar nada custa. Em um certo sentido, também respondi a esta pergunta na resposta número 5.

LECTURA DE POESÍA

Sibila: ¿Usted lee poesía?
Freidemberg: Sí, leo poesía, prácticamente todos los días.

Sibila: ¿Qué poesía lee?
Freidemberg: La que encuentro en sitios de Internet o en Facebook, la de los libros y revistas que compro o me regalan, la que tengo en libros y revistas en mi biblioteca y a la que en ocasiones  necesito retornar, como quien “carga pilas” o se reencuentra con algo importante, la que debo leer por cuestiones de trabajo. Lo que implica que leo poesía por razones muy diversas y que no todo lo que leo me importa por igual.

Sibila:¿Leer poesía tiene algún efecto?
Freidemberg: En algunas personas no tiene efectos (aunque es probable que ese “leer poesía” no sea realmente leer, sino simplemente pasar la vista por las palabras o informarse), en otras sí, tiene efectos, y estoy seguro de que son efectos muy diversos, según quién sea el que lee y para qué lee poesía. En mi caso, cuando es poesía que verdaderamente me importa, ocurre que me despierta, me anima, me hace sentir vivo. Me saca del letargo en que me sume la vida cotidiana y abre paso al despliegue de la inteligencia, la sensibilidad y la imaginación. Me permite ejercer mis mejores capacidades y disfrutarlas.

ESCRITURA DE POESÍA

Sibila:¿Qué espera usted al escribir poesía?
Freidemberg: Antes que nada, espero, o deseo, concretar un buen poema, un poema que merezca existir. Que importe por sí mismo.

Sibila:¿Cuál sería el mejor efecto que puede uno obtener de la práctica de poesía?
Freidemberg: Un efecto podría ser ganar dinero, otro conseguir fama y prestigio, o amistades, o amores. Pero el mejor efecto que concretamente puede obtener uno de la práctica de poesía es, por un lado, la satisfacción de saber que uno pudo producir algo bueno, que uno no está de más en el mundo, y, por el otro, descubrir, en algunas ocasiones, no muy frecuentes, que a alguien tuvo una experiencia importante al leer el poema que uno escribió. Y si a esa persona leer mi poema le cambió la vida, aunque sea un poco, la satisfacción es suprema. También si me entero de que con mi poesía pude ayudar a alguien a ver o sentir de otro modo las cosas, o a su vida, o a sí mismo.

Sibila:¿Su poesía tiene interés público?
Freidemberg: No entiendo la pregunta. En general la poesía no forma parte del interés público en ninguna parte del mundo, pero no sé si es eso lo que me están preguntando. Si lo que quieren saber es si hay una cantidad relativamente grande de personas que se interesa en mi poesía, me parece que no, aunque a veces recibo indicios de que posiblemente no falten interesados.

PUBLICACIÓN DE POESÍA

Sibila: ¿Cuál es el mejor soporte para su poesía?
Freidemberg: El libro, en papel, bien encuadernado y bien impreso, y, si es posible, en papel de calidad.

Sibila: ¿Cuál es el mejor resultado que espera de la publicación de su poesía?
Freidemberg: Creo que ya lo respondí en la respuesta 5.

Sibila: ¿Quién sería el mejor lector de sus libros de poesía?
Freidemberg: Una persona que guste de saborear el contacto con las palabras, que les pida a las palabras que no se limiten a decir lo que dicen literalmente, que sienta placer al poner a trabajar la inteligencia y la imaginación, que no dé nada por sentado, que no espere confirmar nada de lo que piensa, que esté muy dispuesta a sorprenderse y a vivir el desconcierto, que tanto quiera descubrir algo nuevo como liberarse de certezas, que aspire a una relación con el mundo libre de cualquier programación, aunque eso no sea posible. Que sea capaz de conmoverse sin necesidad de golpes bajos o efectismos, que no busque en la poesía el sustituto de las satisfacciones que le faltan en la vida.

Sibila:¿Qué es lo que más le gustaría que sucediera después de la publicación de su poesía?
Freidemberg: Que consiga llegar a una buena cantidad de lectores, o al menos a algunos. Eso, dentro de lo posible. Fuera de eso, por supuesto que también me gustaría ganar el Premio Nobel o el Cervantes, o que me inviten a leer poemas o a dar conferencias en muchos países, y ganar mucho dinero, si para eso no tuviera que adecuar mi poesía al gusto de tal o cual mercado, tal o cual editorial o tal o cual tendencia de moda. Total, soñar no cuesta nada. En cierto modo, también a esta pregunta la respondí ya en la respuesta 5.

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Leia a série completa

 

Lugares contemporâneos da poesia

Concepção do projeto: Alcir Pécora e Régis Bonvicino
Texto introdutório: Alcir Pécora
Realização: Régis Bonvicino, com a colaboração de Aurora Bernardini e Charles Bernstein

Há reiterados momentos do contemporâneo em que a prática da poesia se parece exatamente apenas uma prática, uma empiria, uma rotina. Faz-se poesia porque poesia é feita. Edita-se poesia porque livros de poesia são editados e foram editados. Por que não continuar editando-os?

Mas qual o significado da arte, quando a arte se reduz a empiria, procedimento habitual que não problematiza os seus meios? Que deixa de inventar os seus próprios fins? Que não desconfia de sua forma conhecida, nem arrisca um lance contra si, inconformada?

Para tentar saber o que pensam a respeito da poesia que produzem alguns dos mais destacados poetas estrangeiros em ação hoje, a Revista Sibila propôs-lhes algumas perguntas simples, primitivas até – silly questions! –, cujo escopo principal é deixar de tomar como naturais ou óbvios os automatismos da prática.

Trata-se de saber dos poetas, da maneira mais direta possível, o que ainda os move a ler, a escrever e a lançar um livro de poesia – ou, mais genericamente, a publicar poesia, seja qual for o suporte.

A condição de, por ora, ouvir apenas os estrangeiros é estratégica aqui. Convém evitar respostas que possam ser neutralizadas a priori por posicionamentos desconfiados de vizinhança.

Leitura de poesia, esforço de poesia e publicação de poesia: nada disso é compulsório, nada disso se explica de antemão. Tudo o que se faz, nesse domínio, é fruto de exigência apenas imaginária. Nada obriga, a não ser a obrigação que se inventa para si.

A revista Sibila quer saber que invenção é essa. Ou seja: o que os poetas ainda podem imaginar para a prática que os define como poetas.

Contemporary places for poetry

There are plenty of moments in our current life when the practice of poetry seems exactly a practice, something empirical, a kind of routine. One makes poetry because poetry has been made. One publishes poetry because books of poetry are published and were published, why not going on publishing them?

But what meaning does art have when art is reduced to empiricism, the habitual procedure which doesn’t discuss its means? Which doesn’t any longer make up its own aims? Which is not suspicious of its usual form, nor runs the risk of a move against itself, unresigned?

Trying to know what some of the most distinguished foreign poets in action today think about their own poetry, Sibila proposed some very simple questions, some naïve questions – silly questions! –, whose principal aim is no longer to consider as natural ( as obvious) the automatisms of the poetical practice.

Sibila asks the poets to tell in the more direct way what still moves them to read, to write, to publish a book of poetry – or, more generically, to publish poetry, in whatever support.

The choice, for the moment, to listen only to foreign poets’ voice is a strategic one. It’s better to avoid answers which would be neutralized a priori, due to suspicious neighbourly attitudes.

Reading poetry, straining to write poetry, publishing poetry: not at all compulsory, all this, not at all explainable in advance. Everything you do in this domain is the result of mere imaginary exacting. Nothing obliges you, unless the obligation you invent yourself, for yourself. Sibila wants to know what kind of invention is that. Id est: what poets may still make up for the practice which defines them as poets.